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Uma geléia geral a partir do cinema

John Ford forever

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Quem foi mesmo, Régis ou Mauro? Um dos dois me pede que fale alguma coisa sobre 'The Sun Shines Bright', um John Ford de 1953, com Charles Winninger, que no Brasil passou como 'O Sol Brilha na Imensidão'. Falar sobre o mestre Ford é um prazer para mim, ainda mais sobre este, que se situa entre 'Depois do Vendaval' e 'Mogambo', e que o próprio cineasta considerava um de seus filmes do coração. Mas agora não posso. Estou tendo um dia complicado. Tive médico pela manhã e depois tive de correr atrás de Chantal Akerman, para entrevistar por telefone, de Paris, a diretora francófona cuja obra ganha retrospectiva, a partir de amanhã, no CCBB de São Paulo. Rio e Brasília também vão ver a mostra e a própria Chantal desembarca aqui no fim de semana, visitando também o Rio, mas só em São Paulo ela dá palestra (na terça que vem). Perguntei-lhe o que vem dizer aos brasileiros? Chantal respondeu que não sabe o que as pessoas querem ouvir. De origem judaica e autora de uma obra que os críticos definem como pós-feminista, ela trocou a literatura, seu primeiro amor, pelo cinema, ao assistir a 'O Demônio das Onze Horas' (Pierrot le Fou), de Jean-Luc Godard, em 1965. Hoje, está decepcionada com Godard e o critica duramente. Um comentário dele no documentário 'Morceaux de Conversations avec Jean-Luc Godard', que vi em Paris, em janeiro, sobre a ex-prémier israelense Golda Meir, é definido por Chantal como 'épouvantable'. Apavorante. Godard, anti-semita? Segundo Chantal, sim. Redigi correndo o material e já tinha engatilhadas entrevistas com Mike Leigh e com Dickie Jones, que emprestou sua voz a Pinóquio, no desenho famoso da Disney. Agora, corro para ver o novo Zelito Viana e entrevistar o diretor de 'JK Bela Noite para Voar'. E o meu dia não termina aí - à noite preciso ver 'O Menino da Porteira'. Animado, não? Se tiver tempo, volto a Ford ainda hoje. 'O Sol Brilha...' é o remake de um clássico do próprio cineasta, com Will Rogers, de 1934, 'Judge Priest'. Aguardem. Ainda hoje, ou amanhã. Ford forever.

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