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Uma geléia geral a partir do cinema

Jean Renoir, le Patron (1)

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Estou há dias para comentar com vocês. Em Paris, na volta de Cannes, comprei na Livraria Reflets Médicis - se existe um paraíso para cinéfilos, na Terra, é lá - diversos volumes de uma coleção que para mim era nova. São livros, pouco maiores do que o formato de bolso, papel de primeira, cheios de fotos (P&B e cores), que custam 7 euros cada, uma pechincha em termos de Europa. A tal coleção é uma parceria de 'Cahiers du Cinéma' com o jornal 'Le Monde', com perfis de grandes cineastas, mas vai ser difícil comprar na Livraria Francesa daqui de São Paulo, porque já fui lá conferir e eles não têm registro desses livros. Comprei Woody Allen, Sergio Leone, Jean Renoir, Roberto Rossellini e Robert Bresson, mas não sei que distração cometi, porque veio duplo o exemplar sobre Leone, ao invés do de Kenji Mizoguchi, que também estava à venda. Comprei no escuro, sem sequer folhear. Nos últimos dias, comecei a dar uma olhada e achei os livros bem legais. Todos possuem uma bela apresentação do autor em questão, mais dados biográficos e análises das respectivas obras, mais filmografias completas, com a ficha de cada filme. Quero pegar o gancho de Renoir porque a Versátil está lançando o DVD de 'Madame Bovary', que ele fez nos anos 30, e o Zanin, meu colega Luiz Zanin Oricchio, aproveitando que também está saindo por aqui o DVD da "Madame Bovary' de Claude Chabrol, dedicou uma página a ambas as versõres na edição de domingo do 'Cultura', no Estadão. Falei outro dia no livro 'Que Reste-t-Il de la Nouvelle Vague?', que traz, entre outras, uma entrevista muito interessante com Chabrol, discutindo o legado do movimento de renovação do cinema francês por volta de 1960. Chabrol ironiza que os franceses são monoteístas e que, para transformar Renoir em Deus, a geração nouvelle vague teve de lançar Julien Duvivier no inferno, mas ele acha que os dois são cabeças de fila de diferentes tendências do cinema francês, que não fica completo sem um nem outro. Conto essa historinha porque a apresentação de Renoir, no livro, começa mais ou menos assim - por volta de 1990, Eric Rohmer dizia que Renoir continha todo o cinema. Doze anos antes, François Truffaut escreveu que ele era o maior de todos os diretores de cinema e Jacques Rivette, pela mesma época, intitulou 'Jean Renoir, le Patron' o perfil do cineasta na série 'Cineastes de Notre Temps'. Confesso que não compartilho desse culto a Renoir. Nossa - uma afirmação dessas exige uma pausa. Continuo no próximo post.

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