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Uma geléia geral a partir do cinema

Incrível!

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Foi tudo tão corrido em San Francisco que nem tive tempo de postar de lá. Tirei um fim de semana sabático para aproveitar a cidade da ponte. Já estou de volta em São Paulo e agora relato um pouco minhas experiências por lá. Vou dar uma geral, porque não quero 'furar' o jornal. Fui assistir à versão animée de 'Star Wars' - 'The War of the Clones' -, com a nova personagem criada por George Lucas. Ahsoka é a padowa de Annakin Skywalker e, embora a série possua personagens femininas interessantes e até fortes - a princesa Leia, Amidala -, nenhuma tem o perfil de Ahsoka, que treina para ser jedi. A personagem tem muito de mangá, embora Lucas diga que buscou o visual não realista de animações como 'Thunderbirds'. Vi o filme no sábado à noite e no domingo realizei o sonho de milhões de fãs em todo o mundo - fui para o rancho de Lucas, no número 3838 da Lucas Drive (que não tem nada a ver com ele). Embora o verão esteja sendo muito quente nos EUA, San Francisco estava debaixo da maior neblina (e até fria). Cruzando a ponte, à medida que nos aproximávamos do rancho, o céu foi ficando azul, sem nuvens e a temperatura subiu. Cerca de 40 minutos distante de 'Downtown', era outro cenário. O marco do rancho Annakin é a locação chamada de Big Rock, uma rocha enorme cheia de ranhuras (e que, dependendo do ângulo, parecem sugerir uma cara). O prédio tem uma arquitetura japonesa e é decorado com lanternas (estilizadas) e bonecos que representam kagemushas (guerreiros com suas roupas de luta). O próprio Lucas foi muito bacana, simpático, acessível, um pouco fora de forma - está gordo -, mas, a se julgar pela aparência, feliz da vida (e tranqüilão, de bem consigo mesmo). Comentando o sucesso da série 'Star Wars' somente nos EUA - US$ 3,5 bilhões -, ele diz que o dinheiro lhe permite realizar seus sonhos de arquiteto frustrado, construindo o rancho e também a nova sede da Lucasfilm, que abriga a Industrial Light and Magic, na área chamada de 'Presídio'. É um enorme complexo no meio de jardins, aberto à visitação pública (ao contrário do rancho, no qual só se entra mediante convite). Quando lá chegamos, no 'Presídio', um casal de noivos tirava fotos no jardim e, presumo que, se lá estavam, iam ser fotografados junto à estátua de Yoda (que está em toda parte). Mas eu confesso que me amarrei, nos dois espaços, no rancho e na sede, na coleção de cartazes de George Lucas. Como ele me disse, a coleção é de fã, formada só por filmes dos quais gosta. Raros são norte-americanos. Quero dizer, a maioria dos filmes é, mas os pôsteres são predominantemente franceses e italianos. Westerns de John Ford, Allan Dwan, Howard Hawks, Andre De Toth e Sydney Salkow, filmes noir de Joseph H. Lewis, musicais de Rouben Mamoulian, Vincente Minnelli e Stanley Donen, clássicos de Alfred Hitchcock, Fritz Lang, George Cukor, Akira Kurosawa, Carl Theodor Dreyer e Henri-Georges Clouzot. Todos imensos e com aqueles títulos em francês ou italiano (a maioria). Pode ter sido uma viagem minha, mas fiquei doido pela tal coleção. Como fiz muitas entrevistas, o grupo ia indo embora e eu cada vez mais solitário naqueles corredores. Fui conversar com um segurança e vejam a coincidência - quando disse que era brasileiro, o cara informou que tinha estado recentemente no Brasil. Perguntei aonde, achando que ele ia responder Rio, São Paulo ou Salvador. Porto Alegre, o cara esteve em Porto Alegre! Fui ao rancho de George Lucas para falar da minha cidade. Incrível!

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