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Uma geléia geral a partir do cinema

Iberê

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

PORTO ALEGRE - Cá estou. Saímos ontem para jantar, no Barranco, para comemorar o aniversário da Doris. Antes, passei pela Fundação Iberê Camargo para ver a grande exposição comemorativa do centenário do pintor. Iberê Camargo Século 21. Sempre tive alguma diferença com a obra de Iberê, mas não era ele. Era eu. Não estava preparado. Ontem, tive um choque. Iberê já era um grande gravurista e pintor. Seus carreteis são instigantes e a reprodução do painel na sede da OMS, em Genebra, que ele criou nos anos 1960, me fez viajar. No começo dos anos 1980, houve aquela tragédia. Iberê matou um homem. Foi preso. Sua obra tornou-se mais dramática e sombria. Mais densa. Fiquei pasmo diante daqueles quadros imensos. as camadas de tinta, as pinceladas furiosas. Dava para sentir o artista destilando sua angústia, exorcizando... o quê? Mais do que emocionado, fiquei perturbado. Aquela violência também era minha. Tereia valido vir a Porto só para ver a exposição, que soma ao espólio de Iberê obras de 19 artistas que dialogam com a obra dele. Joel Pizzini e Martha Biavaschi deram contribuições audiovisuais. Me encantou a Performance gravada por ela. Fiquei horas vendo aqueles dançarinos e músicos fazendo sua arte no prédio das Fundação. Que é, em si mesma, outra obra de arte, do arquiteto português Álvaro Siza.

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