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Uma geléia geral a partir do cinema

Hoje na Mostra

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Estou na redação do 'Estado', redigindo alguns textos a galope porque ainda tenho muitas coisas para fazer e daqui a algumas horas tenho de ir para o aeroporto, rumo a Los Angeles. Vou ficar um pouco fora de ar, mas deixo algumas dicas. Não sei se vocês gostam do documentarista francês Raymond Dépardon, grande fotógrafo (vencedor do Pulitzer) que faz filmes militantes para discutir as instituições e o poder em seu país. Amei 'Presos em Flagrante' (Délits Flagrants) e 'Instantes de Audiência' (10ème Chambre), especialmente o segundo, que criam uma espécie de teatro da Justiça. No começo da década, Depardon fez uns perfis de camponeses e agora ele voltou para ver o que ocorreu com aqueles homens e mulheres. O filme chama-se 'Vida Moderna' e é maravilhoso. De novo Depardon cria um teatro, agora em torno à mesa de refeições, que é onde seus camponeses se sentam para conversar com ele. Muito legal. Não percam o 'Gomorra', de Matteo Garrone, e complementem assistindo amanhã a 'Il Divo', de Paolo Sorrentino. Os dois filmes tratam da questão do poder na Itália, um na perspectiva do sumundo e o outro, do ângulo da cúpula (o divo é o ex-premier Guilio Andreotti). O que faz uma ponte interessante entre os dois filmes é o fato de que o mafioso da Camorra no filme de Garrone e 'il divo' de Sorrentino são interpretados pelo mesmo ator, o extraordinário Toni Servillo. O cara não existe, é fantástico. Gostei demais de 'O Casamento de Rachel', de Jonathan Demme, iluminado pela beleza aqui triste de Anne Hathaway, cuja personagem, uma ex-junkie, carrega a culpa de haver causado a morte do irmão (e a família desestruturou-se por isso). Acho muito rico o 'Pachamama', de Eryk Rocha, que viaja pela América Latina e o diretor faz dessa viagem simultaneamente uma investigação de linguagem e uma iniciação política. A estética é muito sofisticada e acho que as pessoas só terão a ganhatr ouvindo o que dizem os índios bolivianos, até mesmo sobre Ivo Morales. Vão lá!

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