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Uma geléia geral a partir do cinema

Forza, Italia!

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BERLIM - Olah! Depois de um sabado frio, mas sem neve - acho que nunca senti tanto frio na minha vida -, Potsdamer Platz amanheceu hoje sob uma espessa camada de neve. A gente caminhava e os pes afundavam. Vi um filme muito interessante de manhah - In Memoria di Me, de Saverio Costanzo, o diretor de Private, que foi lancado no Brasil como Violacao de Domicilio. Private criou um caso hah dois ou tres anos, porque, indicado pela Italia para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro, foi recusado pela academia por ser falado em palestino. Na epoca, levantou-se a suspeita de que foi uma desculpa para declassificar o filme e evitar embaracos, jah que ele discute a atuacao de Israel nas zonas ocupadas, onde soldados se instalam numa casa de palestinos, alegando que ela fica na linha de tiro e tem valor estrategico. Costanzo agora muda o tom, pelo menos eh o que parece. Seu novo filme trata das indecisoes de um grupo de seminaristas que entra para o convento, submetendo-se a duras provas que vao confirmar (ou nao) sua vocacao e a futura ordenacao. O espaco fechado, a questao da religiao - tambem esssencial na eterna crise do Oriente Medio -, tudo isso aproxima Violacao de In Memoria, que nao eh exatamente sobre religiao, mas sobre escolhas. Na coletiva, o diretor explicou que o livro, de Furio Monicelli (que nao conheco) tem um forte acento homossexual na relacao do protagonista, Andrea, com um colega em crise de vocacao. A coisa fica meio sugerida, mas nao eh o que interessa a Constanzo. Gostei do filme, que eh muito forte, tem um ator maravilhoso (o bulgaro Christo Jivkov, desde logo meu candidato ao premio de interpretacao masculina) e soma a tudo isso uma musicalidade que me encantou, com um Kirye de arrepiar. Nao sei se In Memoria di Me tem chance na disputa pelo Urso de Ouro, mas Costanzo, com Paolo Sorrentino, eh um dos diretores italianos da nova geracao que realmente me interessam.

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