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Uma geléia geral a partir do cinema

Filme triste (mais um)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Desde sexta sem dar notícias, não postei nada sobre as estreias da semana nos cinemas de São Paulo (e do Brasil). Não tenho muito apreço por 'Habemus Papam', vocês sabem, e nem acho graça nas cenas do psicanalista Nanni Moretti com sua santidade. O falso humor inteligente... Em compensação, gosto demais de 'Shame' e da dupla do filme de Steve McQueen, o poderoso Michael Fassbender e a delicada Carey Mulligan. Ela está em dois filmes em cartaz e a ternura de suas cenas com Ryan Gosling, em meio à violência de 'Drive', me deixa em ponto de bala, da mesma forma que ver Carey cantando 'New York New York' em 'Shame' é de cortar o coração. Adorei a entrevista de McQueen na revista francesa 'Positif'. Ele conta que queria fazer 'Shame' em Londres, mas na fase de documentação percebeu que os ingleses eram muito reservados sobre sua vida sexual (fleumáticos?). McQueen terminou indo entrevistar compulsivos sexuais em Nova York e foi lá que filmou. Ele queria outra atriz no papel de Carey Mulligan, mas na última hora ela desistiu. Carey estava no seu pé. Ele duvidava de que Carey pudesse dar conta da personagem, mas topou, um pouco pressionado pelo tempo. McQueen não é muito de dar instruções. Seu método consiste em ver/aproveitar o que o ator pode lhe dar. Fassbender diz que McQueen dirige com o olhar, não fala. Embora não seja a mesma coisa, o autor tinha uma referência e mostrou 'Último Tango em Paris' para seu atores e técnicos. A sessão do clássico de Bernardo Bertolucci foi feita num cinema de Manhattan. Saíram 'ashamed'. Ninguém queria falar, ninguém se olhava na cara. No dia seguinte, os jornais estavam anunciando a morte de Maria Schneider. O filme nasceu sob esse signo, seja lá o que queira dizer. Gosto muito de 'Shame', mas é um p... filme triste, meu Deus!

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