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Uma geléia geral a partir do cinema

Festival de Locarno

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

São quase duas da manhã em Israel, estou cansado, mas quero postar mais uma coisa antes de dormir. Flávia Guerra deve estar embarcando agora, aí no Brasil, para o Festival de Locarno, que este ano comemora sua edição de número 60. Comprei no aeroporto de Milão a Cahiers du Cinéma de julho/agosto - e depois vou comentar a capa com Juliette Binoche -, mas agora quero dizer que ela traz um encarte sobre Locarno, destacando a importância do festival. Dois cineastas que 'nasceram' em Locarno pagam sua dívida com o palco de seus primeiros triunfos. Chabrol, de quem estréia depois de amanhã, em São Paulo, A Comédia do Poder, lembra que foi rejeitado em Cannes com le Beau serge, mas foi acolhido em Locarno, que lhe deu seu primeiro prêmio. Ele jurou que nunca mais voltaria à Croisette, mas quebrou a própria escrita para que Isabelle Huppert recebesse o prêmio de melhor atriz, nos anos 70, por Violette Nozière (e ela ganhou). Marco Bellocchio também lembra como foi recusado em Veneza com De Punhos Cerrados - porque o festival, não tendo premiado Rocco e seus Irmãos, queria aproveitar Vagas Estrelas da Ursa para finalmente recompensar o gênio de Visconti com o Leão de Ouro. A organização achou melhor não selecionar Bellocchio, porque já havia um bochincho grande em torno de seu filme e a última coisa que Veneza queria era um jovem fazendo sombra ao mestre. (Não faria. Gosto muito de De Punhos Cerrados, mas Vagas Estrelas é, com rocco e O Leopardo, um dos maiores filmes de Visconti.) Bellochio também foi a Locarno e venceu. Tudo isso é história. Espero que a Flávia faça uma bela cobertura para o Caderno 2. Nunca fui a Locarno, mas todo mundo me fala das sessões noturnas na Piazza, com sua tela ao ar livre. Para comemorar seus 60 anos, o festival vai homenagear Marco Tulio Giordana e também realizará uma retrospectiva das divas do cinema italiano - uma delas é Asia, a filha de Dario Argento. A própria imprensa italiana, às vésperas de Veneza, que começa no fim do mês, me parece que está investindo bastante em Locarno. No Corriere de La Sera que comprei em milão, por causa da capa de Bergman, existem duas páginmas sobre a abertura de Locarno. Deixei o jornal no outro hotel, em Tel-Aviv, senão diria alguma coisa sobre a seleção da mostra competitiva (pelo Leopardo de Ouro). Mas a gente não perde por esperar a cobertura da Flávia Guerra. E viva Locarno, um festival sexagenário, como Cannes.

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