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Uma geléia geral a partir do cinema

Ernest Borgnine

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Quase um século - 95 anos! Ernest Borgnine morreu ontem de insuficiência renal no Hospital Cedars Sinai, em Los Angeles. Toda a minha vida, como cinéfilo e tiete de algumas personalidadees do show bizz, acostumei-me a ouvir referências a esse hospital. Ele fica bem próximo ao Four Seasons, hotel que tem abrigado muitas dessas junkets de que participo. Sempre que passo por ali não posso deixar de pensar - quem será o próximo? Eli Wallach foi homenageado na recente entrega dos prêmios do SAG, o sindicato dos atores. Esses velhinhos não são moles. Ernest Borgnine veio do teatro e, em 1953, já era um dos soldados na base militar de 'A Um Passo da Eternidade', de Fred Zinnemann, que venceu vários Oscars,. incluindo filme e diretor, naquele ano. Dois anos mais tarde, o próprio Borgnine ganhou o Oscar de melhor ator por 'Marty', de Delbert Mann, um filme na contracorrente da produção de Hollywood na época e isso pode ajudar a entender a acolhida exageradamente favorável que teve. Além dos Oscars, de filme, diretor, ator e roteiro (Paddy Chayefsky, adaptado da própria telepeça), a história do açougueiro sem atrativos físicos, mas que encontra o amor, venceu também o Grande Prêmio (ainda não era a Palma de Ouro) no Festival de Cannes. Desde então, Ernest Borgnine nunca mais parou de filmar, para cinema e TV, mas Hollywood retirou-o da pele de protagonista e lhe colou a etiqueta de coadjuvante de maus bofes, quase sempre como vilão. Ernest Borgnine virou um dos atores preferidos dos diretores 'machos' de Hollywood. John Sturges, Sam Peckinpah, Robert Aldrich. Fez filmes como 'Conspiração do Silêncio', 'Meu Ódio Será Sua Herança', 'Os Doze Condenados'. Aldrich lhe deu, quase 20 anosd depois de 'Marty', em 1973, o outro papel pelo qual será sempre lembrado - o do guarda de trens que enfrenta o vagabundo Lee Marvin num duelo de machados no alto do trem em 'O Imperador do Norte'. Aldrich, nascido numa família de banqueiros da Costa Leste - neste sentido, foi o Walter Salles de Hollywood -, levou para o cinemão o vigor crítico e o dedo em riste que o fizeram investir contra tudo o que representasse o poder, econômico e/ou institucional. Em plena depressão econômica, o vagabundo, Marvin, vira o símbolo de todos os que viajam de graça nos trens da 'América'. Borgnine é o braço armado da autoridade, do poder. Vai tentar fazer Lee Marvin descer do trem a machadadas. Sempre amei a truculência de Aldrich, e ele amava a truculência de Ernest Borgnine, que se casou cinco vezes. Teve mais mulheres do que filhos (três). No texto publicado hoje pelo 'Estado', há um trecho de uma entrevista que Borgnine deu à agência France Presse, em 2007, quando completava 90 anos. Ele deu seu conselho a aspirantes a ator - sugeriu que buscassem empregos de verdade, antes de se dedicar à interpretação. A frase exata é 'Aprendam sobre a vida e, em seguida, sobre seu ofício. E não usem óculos escuros na tela, para parecer cool. Os olhos são o melhor recurso de um ator.' Grande Ernest Borgnine.

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