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Uma geléia geral a partir do cinema

'Em Busca de Um Sonho'

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Adélia me provoca, perguntando se vou ver 'Gypsy', para tentar, quem sabe?, vencer minha birra pelos musicais da dupla Botelho/Möeller. Até que quero - ver -, mas agora começa uma temporada difícil. Em seguidinha já vou para o Festival do Rio, depois emendo com a Mostra de São Paulo. E tenho tanta coisa para ver, inclusive no teatro. Não guardo boa lembrança do filme de Mervyn LeRoy com Rosalind Russell como Mama Rose e Natalie Wood como Gypsy Rose, que depois virou a lendária stripper. O filme, baseado no musical da Broadway - no Brasil, o título foi 'Em Busca de Um Sonho' -, tinha trilha de Stephen Sondheim/Julie Styner e, embora Leonard Maltin lhe dê três estrelas (de bom), dizendo que é entertaining, não é desse jeito que me lembro dele. Jean Tulard, no 'Dicionário de Cinema', tem toda razão quando diz que os últimos filmes de LeRoy foram tão catastróficos que fizeram esquecer o diretor importante que ele foi, no começo dos anos 1930, com seus gângsteres e dramas 'sociais' na empresa Warner. 'Alma no Lodo' (Little Caesar), 'Sede de Escândalo', 'O Fugitivo', 'Esquecer, Nunca' marcaram época. LeRoy co-dirigiu, com Busby Berkeley, o célebre 'Cavadoras de Ouro', mas o restante de seus musicais - na Metro e na própria Warner - andam a passos de cagado, arrastando-se. O cara era uma lesma, pesado p'ra cacete. Inclusive, quando tento me lembrar de 'Gypsy', só me vem o strip-tease de Natalie. Apaguei a Rosalind Russell histriônica como mãe que empurra as filhas para o palco - a imagem que me vem é a da atriz como Tia Mame em 'A Mulher do Século', de Morton DaCosta. Curioso, não? Mas tenho de confessar um pecado. Na época, não é que tenha defendido - era muito jovem, ainda não tinha espaço em jornais -, mas achei muito tesudo o último LeRoy, 'Por Um Momento de Amor', com a sexy Jean Seberg, embalado na trilha de Henry Mancini. Como thriller de mistério e assassinato - passava-se na Riviera -, era meio, ou muito, confuso e o Sean Garrison não era convincente como gatão da Jean, mas sei lá por que, me lembro de ter visto o filme muitas vezes (no antigo cinema Cacique, em Porto). Tinha uma cena de tempestade, ou coisa que o valha, portas e janelas batendo sob o efeito do vento, e o Mancini meio que repetia seu 'experiment in terror' com Blake Edwards. Bá, tchê! Fui escrevendo e não é que me surgiu esse 'Escravas do Medo', que Edwards fez com Lee Remick, Glenn Ford e Stefanie Powers, acho que em 1962 ou 63. Este, sim, era um grande filme, pelo menos no meu imaginário.

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