No mesmo encontro com Jean-Thomas Bernardini - veja o post anterior -, ele me disse que 'Estômago' estreou mal, pelo menos em São Paulo, e até já perderia algumas salas nesta sexta-feira. Jean-Thomas, naturalmente, não estava nem um pouco feliz com isso, mas disse que a queda de público é generalizada, embora termine sempre por atingir o cinema brasileiro com mais intensidade. Não acredito que o público - vocês também? - não esteja querendo conferir o João Miguel, desde já candidato a melhor ator do ano e num filme que investe (sem concessão) na possibilidade de diálogo com o grande público. 'Falsa Loura', que estréia hoje, também busca esta comunicação. É o filme recente do diretor com mais vocação para ser 'popular'. E também traz uma candidata a melhor atriz, Rosanne Mulholland. O bom é que Rosanne, além de linda, é talentosa e o filme de Reichenbach ainda tem Suzana Alves, a Tiazinha. Estigmatizada pela personagem mascarada, Suzana é outra mulher bonita e que também representa bem. O filme de Reichenbach dialoga com o brega, mas seria empobrecedor rotulá-lo apenas como 'musical brega', pois é mais do que isso. Gostrei muito da relação da heroína com o pai, o irmão. O cara é gay, cabeleireiro e, se Reichenbach assume o estereótipo, é para subvertê-lo desde o interior -logo-logo, o cara, vestido de mulher, vai numa festa com a irmão, onde um dos machões da história se enrrabicha com ele e... Chega! Tudo bem que a qualidade destes filmes, do 'Estômago' como da 'Falsa Loura', independe da bilheteria. Muito filme bom fracassa, mas eles não precisam fracassar sempre, ainda mais os brasileiros. Vejam, por favor.