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Uma geléia geral a partir do cinema

Douce France

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Não foi nada planejado (acho), mas entram hoje dois novos filmes franceses. Representam o cinemão francês, o cinema dito comercial. São comédias - 'A Riviera não É Aqui' (Bienvenue chez les Ch'tis), de Dany Boon, e 'Nos Tempos da Disco', de Fabien Onteniente. Não creio que o humor 'regional' de 'Ch'tis' tenha potencial para seduzir o público brasileiro, principalmente o que curte cinema europeu, reproduzindo aqui o fantástico sucesso que fez na França. Os filmes franceses que mais agradam ao público no Brasil são os de autor e Resnais é a prova com seu 'Medos Privados em Lugares Públicos', que está em cartaz, ininterruptamente, há mais de 2 anos. Mas eu confesso que achei 'Disco' simpático. Pode-se fazer até uma ponte com o filme chileno 'Tony Manero', porque também há um subtexto político ali, a questão do sindicalismo, no personagem de Samuel Le Bihan. O protagonista de 'Disco' é um coroa caído que perdeu o trem da história e agora volta nesse concurso de dança que tenta reviver a era das discotecas. O filme tem a participação da sexy Emmanuelle Béart, mas a história de Franck Dubosc não é com ela. O filme é sobre o amor de um pai por seu filho, mesmo que o garoto não apareça em 99,9% das cenas de 'Nos Embalos da Disco'. E eu achei interessante o parti pris estético, que consiste em jogar com (e levar ao limite) uma vulgaridade assumida. Essa vulgaridade também está presente em outro filme francês comercial, 'Mamuth', que, surpreendentemente, concorreu em Berlim, em fevereiro. Digo 'surpreendentemente' porque 'Mamuth' não tem cara de filme de festival. E é com Gerard Depardieu, que também está em 'Disco'. Estou adorando esse novo Depardieu. Ele perdeu a forma, está gordo feito um porco, mas se lixa para o visual e, feito o Marlon Brando final, está melhor ator do que nunca.

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