Acabo de receber da Fox dois títulos de sua coleção Cinema Reserve - dois clássicos que me chegam como presentes de aniversário. Um é a 'Cleópatra' do Mankiewicz, que é tão erudita - senão mais... - que a do Bressane e com a vantagem de que Elizabeth Taylor é mais bonita e dramaticamente mais expressiva do que Alessandra Negrini. O outro é 'O Mais Longo dos Dias', que eu acho um superfilme de guerra, adaptado pelo produtor Darryl Zanuck do livro de Cornelius Ryan. Zanuck comandou um batalhão de artistas, diretores e técnicos na reconstituição do desembarque aliado na Normandia, no dia D. Tenho para mim que o Spielberg viu direitinho 'The Longest Day' antes de fazer 'O Resgate do Soldado Ryan', e tomou o filme antigo como modelo para o dele. Acho muito bacana que, num filme que se assemelha a um docudrama, a um documentário reconstituído, os roteiristas ou o Zanuck - já que é difícil falar num diretor, pois foram três: Bernard Wicki, Ken Annakin e Andrew Marton -, trabalhando com estereótipos, tenham criado três personagens para definir diferentes atitudes perante a guerra - o soldado-guerreiro, John Wayne, que leva o combate adiante; o soldado-burocrata, Henry Fonda, que expressa o lado empresarial da operação militar; e o soldado/hamletiano, Richard Burton, cujo dilaceramentro interior é o estopim para refletir a guerra como tragédia. A tal coleção Cinema Reserve tem embalagens muito elegantes e os DVDs vêm cheios de extras. Não estou fazendo comercial, não, mas tenho certeza de que cinéfilo de carteirinha vai adorar ganhar (ou dar de presente).