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Uma geléia geral a partir do cinema

Cerimônia de adeus

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Fábio Negro - foste tu, não? - pegou carona no meu post sobre 'Body of Lies', no qual aproximei o thriller de espionagem de Ridley Scott do velho - clássico em múltiplos sentidos - 'Os Impiedosos' (Madigan), para dizer o que pensa de Don Siegel, o diretor do filme antigo. Fábio ama 'O Estranho Que Nós Amamos' (The Beguiled), com Clint Eastwood, o mais buñueliano dos filmes que Don Luis não realizou, mas em compensação sente vergonha do Siegel de 'O Último Pistoleiro' (The Shootist), que lhe parece tosco. Quero dizer que não concordo. Faz tempo que não revejo o filme, mas na época, lá por 1976/77, o coloquei na minha lista de melhores do ano. Talvez tenha contribuído o fato de ter sido o último western de John Wayne, e ele ter morrido de câncer, como o personagem, mas sempre me comovi muito com aquele filme fúnebre e sombrio. 'The Shootist' é sobre a cerimônia de adeus deste velho pistoleiro, mas se constrói pelo olhar do garoto e, neste sentido, é uma obra de iniciação. Tudo isso - vida, morte - lhe confere grande complexidade. O garoto é o futuro diretor Ron Howard, que quando entrevistei - por aquele western com Tommy Lee Jones e Cate Blanchett, 'Procuradas', é isso? -, me falou com imenso carinho de Siegel (e de John Wayne). Foi aquele filme que lhe despertou o desejo de fazer um dia o SEU western. Ele o fez, mesmo sabendo que estaria acrescentando um fracasso de público ao seu currículo de diretor bem sucedido. 'Fiz para o meu prazer, era uma história que queria contar', ele me disse e acrescentou, o que achei divertido, que precisou vencer a resistência do produtor Brian Grazer. Seu argumnento - 'Nós vamos ganhar tanto dinheiro com 'O Código Da Vinci' que podemos perder um pouco aqui.' Não deu outra.

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