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Uma geléia geral a partir do cinema

Carné, 100 anos (2)

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Ou me engano muito ou 'Cais das Sombras', de 1938, foi a terceira parceria de Marcel Carné e Jacques Prévert, após 'Jenny' e 'Drôle de Drame'. o filme é anterior a 'Trágico Amanhecer', 'Os Visitantes da Noite' e 'O Boulevard do Crime', que compõem a homenagem da Sala Cinemateca ao centenário (ontem) do diretor. Tenho uma queda por 'Quai des Brumes' (título original). Jean Gabin faz o desertor do Exército colonial que conhece esta garota no porto em que se esconde. Michèle Morgan é a intérprete do papel e os olhos claros da atriz nunca foram mais belos. Gabin frequenta o submundo e se envolve com personagens pitorescos, mas mata o tutor de Michèle, que queria abusar da moça. Carné e Prévert se inspiraram num livro de Mac Orlan, 'R', e o filme é o mais 'noir' do realismo poético. A fatalidade envolve todos os personagens e um realismo opressivo e angustiante percorre o relato. O pessimismo é total, só a morte traz libertação e há esse lirismo intenso que torna mais doídas as cenas de amor. Assim como 'Os Visitantes da Noite' pretende ser uma alegoria sobre Hitler (e o nazismo), 'Cais' também se reveste de um caráter simbólico e pode ser visto como reflexão pessimista sobre uma época, a Europa prestes a ingressar na 2ª Guerra, que se encaminhava para o abismo. Faz muito tempo que não (re)vejo 'Quai des Brumes'. Vi o filme na Cinemateca Uruguaia, com 'Les Visiteurs du Soir', numa programação sobre o diretor. Será tão bom como parece no meu imaginário?

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