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Uma geléia geral a partir do cinema

Capitão Tornado

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Só agora fui ler os comentários de ontem sobre A Pedra e enconttrei, como primeiro, o da Alana. Achei muito legal. Luiz Fernando Carvalho, como eu, é viscontiano de carteirinha, mas o tempo todo, cada vez que aparecia a carroça/palco do velho Quaderna em A Pedra do Reino, eu, como a Alana, mee lembrava de A Viagem do Capitão Tornado, que é meu Ettore Scola favorito. Sempre me encantou naquele filme a metáfora da viagem do garoto que se transforma em homem através da descoberta, senão da realidade, pelo menos da se seu espelho deformado, que é o teatro. Tive oportunidade de entrevistar Vincent Perez (quando fez O Corvo) e Ornella Muti (quando esteve no Rio filmando com Walter Lima Jr.). Conversei muito sobre o Capitão Tornado, que no livro de Théphile Gautier é Capitão Fracasso. É o papel da vida de Perez e olhem que ele fez dois filmes de Patrice Chéreau, o Rainha Margot, que amo, e Ceux Qui m'Aiment Prendront le Train, que me desconcertou quando vi em Cannes, em 1998, mas que é um filme no qual de vez em quando me pego pensando. A viagem de trem é uma metáfora da morte e Chéreau fala de aids, ainda para exorcizar, quase dez anos antes, a morte de seu amigo dramaturgo, Bernard-Marie Koltès. Vincent Perez faz um travesti, que o diretor transforma num personagem patético. De volta ao Capitão Tornado, o filme tem Massimo Troisi, como Pulcinella. Vou parar, porque se avançar vou terminar chorando. Massimo Troisi, por Capitão Tornado e, depois, O Carteiro e o Poeta, é, pelo menos para mim, mais chapliniano que o próprio Chaplin. Ecos daquela carroça de Scola também estão em A Pedra do Reino.

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