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Uma geléia geral a partir do cinema

Buñueliano?

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Mauro Brider é dos meus. Ele também acha que é impossível não se emocionar atré o fio dos cabelos com o John Wayne de 'O Último Pistoleiro', de Don Siegel. Mauro também me pergunta o que acho de 'Os Assasdsinos', a versão do Siegel para o noir de Robert Siodmak, de 1946, com Burt Lancaster como o Sueco e a esplendorosa Ava Gardner como femme fatale. Assisti ao filme do Siegel na estréia, antes de conhecer o de Siodmak e confesso que quando vi o segundo, na TV paga, não me impressionei tanto. Gosto muito de 'Os Assassinos', que foi feito para TV, resgatando o Siegel de uma carreira B e catapultando-o à produção A, onde ele pode fazer 'Os Impiedosos' e sua impressionante série com Clint Eastwood ('Meu Nome É Coogan', 'Os Abutres Têm Fome', 'O Estranho Que Nós Amamos', 'Perseguidor Implacável' e 'Alcatraz, Fuga Impossível'). Fábio Negro não entendeu - ou eu é que não entendi. Ele disse, afinal, que amava 'O Estranho' e é este que eu acho 'buñueliano', não o 'Último Pistoleiro'. Siegel foi criado em internato de padres, como Buñuel. Ele também conheceu a repressão religiosa. A elegância formal e a brutalidade da amputação da perna de Clint para expressar desejos sexuais reprimidos e a impotência masculina face à voracidade feminina fornece um interessante contraponto a 'Tristana', que Buñuel adaptou de Perez Galdós, com Catherine Deneuve. Os dois filmes são, aliás, contemporâneos - 'Tristana', de 1970, e 'O Estranho', de 1971.

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