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Uma geléia geral a partir do cinema

Bons companheiros

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Sabia do musical que Clint Eastwood estava realizando, e nada mais sobre Jersey Boys, muito menos que se baseia num dos espetáculos mais longevos da história da Broadway. E justamente por não saber resolvi fazer uma pesquisa na rede. Havia-me surpreendido com algumas canções - Sherry, Cant't Take My Eyes of You -, mas, sorry, Four Seasons, para mim, só o hotel. A cada página que abria, encontrava links e links. Um me chamou a atenção e fui conferir. Sete clássicos que as pessoas amam odiar. Não, não havia Encouraçado Potemkin, mas, também, era o único que faltava. Bonnie & Clyde, a obra-prima de Arthur Penn; Lawrence da Arábia; Cidadão Kane etc. Não posso dizer que entrei em choque, mas me surpreende como a internet virou o reino da chamada livre expressão e aqui vale tudo. Até concedo - concordo - que se contestem verdades estabelecidas, mas não pode ser na base do 'é muito comprido', 'a narrativa fica confusa com seus pontos de vista'. Na edição de Cahiers du Cinéma com escritos de Pier-Paolo Pasolini - falo da coleção de livros -, ele cai matando no Couraçado, que trata aos pontapés, como obra de propaganda, o que o filme é, nunca me cansei de dizer. Mas Pasolini é preciso. Concordando-se ou não, tem um ponto de vista, e o sustenta. Em tempo, amei o Clint. Está longe de ser um musical tradicional, mas o número do desfecho mostra que savoir-faire não falta ao octogenário Clint, e se ele não fez não foi por não saber, mas por não querer. Jersey Boys é o Bons Companheiros do xerife e, do jeito que o vi, achei muito legal. Clint sempre foi acusado de passar como um trator sobre amigos e colaboradores para celebrar a própria persona e o filme, com seu relato à Rashomon, termina sendo o acerto de contas dele consigo mesmo. Me emocionei demais - a história dos jovens, a ruptura, o aperto de mãos. Não havia gostado nem um pouco de J. Edgar, mas esse me pareceu o melhor Clint desde Gran Torino. A estreia será dia 26. E o papel de chefão sentimental que Clint oferece a Christopher Walken... É maravilhoso.

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