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Uma geléia geral a partir do cinema

Biscoito fino

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Já estou arrependido. Fui ontem ao Centro Georges Pompidou, o Beauborg, porque queria ver a exposição 'Os Traços do Sagrado', mas terminei me desviando. Fui ver outra exposição, dedicada ao arquiteto Dominique Perrault, que criou a Biblioteca Nacional de França, um monumento de 'não arquitetura' em que o prédio, propriamente dito, é um volume delimitado por um jardim. Na Galeria das Crianças, o artista plástico Edouard Sautai faz uma intervenção que também é muito interessante, O Olho na Escala, sobre a relatividade dos pontos de vistas nas cidades modernas. Como ele diz, uma formiga, olhando o meio-fio (da calçada), deve ter a mesma sensação da gente olhando para um prédio enorme. Nenhuma dessas duas exposições me decepcionou, mesmo que as tenha visto a toque de caixa, porque queria passar na loja para ver os livros de cinema. Vem daí o meu arrependimento. Entre 'trocentos' livros novos, havia um que achei muito caro e agora estou me martirizando. Deveria ter comprado. Chama-se 'The Wrong House - The Architecture in Hitchcock's Movies'. Folheei e fiquei louco. Hitchcock construía com seus diretores de arte e cenógrafos projetos brilhantes de casas, além de usar casais reais - aquela projetada pelo Frank Lloyd Wright - em filmes como 'Intriga Internacional'. O detalhamento da casa de 'Rebecca', a de Norman Bates, que ele fez projetar prevendo os posicionamentos de câmera - para um ex-estudante de arquitetura, como eu, tudo isso é fascinante, para se dizer o mínimo. Imagino que seja um tipo de livro caro e sofisticado para que as editoras brasileiras invistam nessa linha de produto. Vamos ficar com o enésimo livro sobre as teorias de Eisenstein, que é só o que se edita por aqui. Mas tem a Amazon. 'The Wrong House', a arquitetura em Hitchcock. Biscoito fino.

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