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Uma geléia geral a partir do cinema

Berlim (4)/Richard Gere e sua militância pelo povo tibetano

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BERLIM - Havia gente pelo ladrão nas coletivas de The Dinner e T2 - Trainspotting. Hollywood não nega fogo em nenhum quadrante, e não haveria de ser aqui. Richard Gere sozinho fez o circo na primeira, mas havia o diretor Oren Moverman, os atores Laura Linney e Steve Coogan. No caso de T2, a produção escocesa só prova que Hollywood independe de fronteiras - é um conceito internacional. Veio parte da gangue - o diretor Danny Boyle, os atores Ewan Bremner e Jonny Lee Miller. Já falei um pouco de T2. The Dinner, O Jantar, é sobre dois irmãos que se reúnem num restaurante de luxo com as respectivas mulheres. Um deles (Gere) é candidato a governador, leva as assessoras que ficam bisbilhotando ao redor com seus celulares. O que fazem as famílias à mesa? Lavam roupa suja. Já que se trata de um jantar, Moverman divide seu relato em capítulos - Aperitivo, Entrada, Prato Principal, Sobremesa. The main course refere-se ao que andaram fazendo nossos filhos. Os garotos aprontaram feio, Ainda não foram descobertos, mas o caso pode prejudicar a carreira de papai Gere. Confesso que não vi todo porque tive de correr para a sessão de Vazante, que encavalava. Mas vi uma cena muito interessante. Gere está ao telefone, Steve Coogan sai para procurar a mulher. Encontras Laura LInney e Rebecca Hasll lá fora, apesar do frio (e da neve). Laura diz que Rebecca está tendo paciência de ouvir suas reclamações, Rebecca retruca que foi criada pelo pai segundo regras restritas - no complain, no explain. Não se queixar nunca, não dar explicações. Mas o filme não segue a própria receita, o que talvez o tornasse mais rico. Temos explicações - muitas. Fora do filme, Richard Gere veio a Berlim para se encontrar com a chanceler Angela Merkel. Há muito tempo que ele é chairman da Campanha Internacional pelo Tibete, que tem escritórios em Washington D.C. e várias cidades europeias, incluindo Berlim. Gere veio atrás de apóio porque a CIT (em inglês invertem-=se as letras, ICT) está preocupada com o que poderá ocorrer com os tibetanos, que buscam liberdade da China, no governo de Donald Trump. Gere aproveitou para falar mal de medidas anunciadas pelo novo presidente (o muro, as restrições a cidadãos de países islâmicos). Pensando por esse lado, Richard Gere não veio aqui como embaixador de Hollywood, ou veio como embaixador da Hollywood progressista e engajada. Bem de acordo, portanto, com a essência da Berlinale.

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