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Uma geléia geral a partir do cinema

Bergman, Chabrol e Burman. Chega para vocês?

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Cinéfilo que se preze, aí em São Paulo, deve estar tomando o rumo do HSBC Belas Artes para assistir a O Sétimo Selo, para assistir ás homenagem que André Sturm, cineasta e diretor de programação da sala, presta ao grande Bergman, que morreu na segunda-feira. Entre as novidades de hoje, há o novo filme de Chabrol e Isabelle Huppert, A Comédia do Poder - em francês é A Embriaguez, L'Ivresse du Pouvoir. O filme baseia-se num escândalo político-financeiro ocorrido hás relativamente pouco tempo na França, mas Chabrol adverte, no começo, que toda semelhança com fatos ou pessoas é mera coincidência. Quando lhe perguntei o por quê do letreiro em Berlim, no ano passado, ele disse que era justamente uma salvaguarda para destacar que a base é real. Achei uma idéia genial de mise-en-scène - Chabrol filma o tribunal pela entrada de serviço e filma sempre o mesmo ângulo de câmera baixa. Quando o interpelei, ele, que é muito irônico, disse que eu havia 'tout compris', entendido tudo. Tudo o que quer dizer sobre a comédia do poder está expresso nas luvas vermelhas da juíza interpretada por Isabelle e naquela escada. Com dois programas desses, é bom, de qualquer maneira, não perder de vista As Leis da Família, de Daniel Burman, que abriu o 2º Festival de Cinema Latino-Americano. Burman é bom, mas isso vocês sabem. Muitos reclamaram que a exibição do filme no festival latino era só para convidados. Pois bem, agora o filme aí está, para o público. Na entrevista de hoje no Caderno 2 - espero que ten ha saído -, Burman explica que não fez as Leis da Família contra o anterior O Abraço perdido, mas para complementar o outro filme. Lá, um filho adulto se ressentia do pai que o abandonou. Aqui, um filho, também adulto, teme estar se transformando no pai, incorporando aquilo que não gosta nele. Bons filmes, bons filmes. No caso de Bergman, mais que bom - um grande filme.

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