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Uma geléia geral a partir do cinema

Argentina!

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Cá estou, de volta a São Paulo, depois de cinco.... Deliciosos? Encantadores?... dias em Buenos Aires. Fomos, Doris, Lúcia e eu, passar o Natal na Argentina. Ficamos num hotel em Recoleta e nele morou Evita, cuja presença impregna o local. Comprei libros de cine, fomos a show de tango, almoços em Puerto Madero, passeios em Caminito e na Boca en general. Os cinco dias passaram muito rápido. Redigi de lá o texto que foi vapa do Caderno 2 de ontem, dias do Natal. Os 40 anos da morte de Charles Chaplin e o seu legado. Entrevistei um monte de gente, e colhi depoimentos bem legais. Gregório Duvivier, Luís Lobianco, Ingrid Guimarães, etc. Todos se revelaram chaplinianos de carteirinha, menos Fábio Porchat, que acha que Chaplin envelheceu. Não assino embaixo. A gente nem se dá conta disso, mas Chaplin foi decisivo, um dos (grandes) autores que fizeram avançar a arte e a política do cinema. O uso do som de Luzes da Cidade, a batida da porta do carro que vai induzir a jovem cega a crer que seu benfeitor (Carlitos) é um homem rico; e em O Grande DItasdor a cena de Hynkel brincando com o globo e o discurso final. "A cobiça envolveu o mundo num círculo de ódio, faz-nos entrar a passo de ganso na miséria e no sangue..." E essa - "Lutemos por um mundo novo, por um mundo adequado, que dê a cada homem a oportunidade de trabalhar." Justamente o trabalho, a mais valia. É o trabalho que dá valor à mercadoria. Na quinta, 28, estreia o último grande filme de 2017 - O Jovem Karl Marx. Marx, Engels e a criação do Manifesto Comunista. Nada mais anacrônico que o filme de Raoul Peck. Nada mais atual. Além de ser uma grande aventura - os dois mosqueteiros e suas mulheres maravilhosas -, o filme fornece a exata compreensão de como funciona a economia, e de como esse sistema tão 'moderno' se estrutura sobre a desigualdade e a injustiça. Trabalho escravo, em pleno século 21! Ontem, no hotel, em Buenos Aires, assisti pela TV a dois filmes. O Sorriso de Mona Lisa, de Mike Newell, com Julia Roberts, e Depois da Terra, de M. Night Shyamalan, com Will Smith e o filho. No meu imaginário, Mona Lisa tem tudo a ver com Longe do Paraíso, de Todd Haynes, e talvez sejam os filmes que melhor revisitem, criticamente, o american way of life nos anos 1950. E as duas Julias, a Roberts e a Stiles, são gloriosas. Depois da Terra! Pai e filho, mestre e discípulo, o rito de passagem, como nossos filhos nos ultrapassam. Todos esses filmes são tão diferentes uns dos outros. Amo essa diversidade. Estou de volta, e para a última semana de 2017.

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