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Uma geléia geral a partir do cinema

Agora sim, Dreamgirls!

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Agora, sim. Consegui ver ontem à noite Dreamgirls - Em Busca de Um Sonho (ou do Sonho). Ao contrário do dia em que tentei ver o filme do Bill Condon no Cinemark Iguatemi, havia pouca gente no Cinemark Eldorado (meia sala, se tanto). Gostei, mas é um filme muito estranho. Embora tenha música desde o começo, demora para se assumir como musical (numa cena, aliás, empolgante) e, embora conte a história das Dreamettes, que eu presumo seja inspirada nas Supremes, os verdadeiros protagonistas são Jamie Foxx, no papel do empresário escroto, e Jennifer Hudson, como a dreamette que é expulsa por ele do grupo. Gosto de alguns musicais, mas tenho problemas com a essência do gênero, que é o diálogo cantado. Poucas vezes acho que a coisa se resolve organicamente e até faz parte do artifício associado aos melhores musicais - Sinfonia de Paris, Cantando na Chuva e My Fair Lady (que amo). Aqui, quando as personagens, na segunda metade, falam (e se agridem) cantando, achei muito bem resolvido. E o personagem do produtor mau caráter parece o Kirk Douglas de Assim Estava Escrito (The Bad and the Beautiful), sem o quebra-cabeças narrativo do clássico do Minnelli. Até o desfecho abrupto, quando ele percebe a extensão do que fez, achei interessante. Não é um happy end. Deixa o filme em suspense. Começa outra história ali, mas essa nós é que temos de construir, por nossa conta. Beyoncé é bonita, não? Jennifer é ótima (e tem sido superpremiada). E Eddie Murphy? Está bem e muito bem caracterizado com aquele topete. Não quero entrar em detalhes. Vejam o filme e a gente conversa sobre seu tema - que é, acho eu, a identidade. As pessoas tendem a ser tratadas no filme como sendo propriedade (ou objeto) de alguém. É um tema ao qual o diretor Condon é sensível, como mostram seus trabalhos anteriores - Kinsey e Deuses e Monstros. Ambos lidam com pesquisa e criatividade e os dois temas também estão em Dreamgirls.

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