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Uma geléia geral a partir do cinema

Adeus a Jean-Claude Brialy

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Nos últimos anos, havia me acostumado a ver Jean-Claude Brialy em Cannes. Ele mantinha um programa de entrevistas para rádio e TV. Não o vi este ano e até estranhei o fato. Brialy estava travando sua última e decisiva batalha contra o câncer. Ele morreu ontem em Paris, aos 74 anos. A notícia de sua morte chegou há pouco ao jornal. Com Jean-Paul Belmondo, Brialy encarnou a cara da nouvelle vague, em filmes de Claude Chabrol e Jean-Luc Godard. Era afetado e/ou insolente. Quando virou diretor, seguiu o caminho inverso e substituiu a insolência pelo charme passadista. Fez Églantine e Les Malheurs de Sophie, baseado na Condessa de Ségur, que são bons filmes, mas inusitados, para quem interpretou Os Primos e Uma Mulher É Uma Mulher. Brialy trabalhou com outros grandes diretores - Eric Rohmer, Luis Buñuel. Gosto dele, particularmente, num filme que fez na Itália - La Notte Brava, de Mauro Bolognini, com roteiro de Pier Paolo Pasolini. Chamou-se, no Brasil, A Longa Noite de Loucuras. Um bando de garotos da vida toma dinheiro de prostitutas. O dinheiro, pelo qual se batem, não vale nada. O filme começa e termina com uma nota de dinheiro amassada (e jogada no lixo). A idéia é do diretor. Não está no roteiro de Pasolini, como foi editado no Brasil, com as crônicas e novelas de Ali de Olhos Azuis. Estou me despedindo de Brialy e, ao mesmo tempo, saudando o que me parece estimulante. Depois de lançar todo Zurlini - adquiriu os direitos de Dois Destinos (Cronaca Familiare) -, a Versátil promete resgatar Bolognini no ano que vem. A Longa Noite de Loucuras, O Belo Antônio, acho que Metello, por que não Caminho Amigo (La Viaccia) e Desejo Que Atormenta (Senilità)? A obra de Bolognini clama por revalorização muito mais que esse horror cultuado de Ruggero Deodato.

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