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Uma geléia geral a partir do cinema

A ponte de Desnoes (1)

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Apesar do feriado, passei um dia agitado hoje na redação do Estado, com muitos textos para redigir. Um deles foi a entrevista com Edmundo Desnoes, autor de 'Memórias do Subdesenvolvimento', que Tomás Gutiérrez Alea transformou num filme visceral do cinema latino-americano dos anos 60. Desnoes está com a mulher na cidade e, na sexta, ele autografa os exemplares de seu livro, que só agora sai no Brasil, embora tenha sido publicado originalmente em Cuba, no começo dos anos 60, Na seqüência, por volta de 20 horas - não sei precisar o horário certo -, ele apresenta no Memorial da América Latina o filme de Alea, grande homenageado do 3º Festival de Cinema Latino-Americano, que começou ontem (após a inauguração para convidados na segunda à noite). Gosto muito do filme do Alea, que mostra a Revolução Cubana do ângulo de um intelectual que poderia ter abandonado o país, mas fica para ver o que vai acontecer. Sérgio é seu nome e ele evoca, na sua divisão entre ação e reflexão, o Castorp de 'A Montanha Mágica', de Thomas Mann, embora o próprio Desnoes se sinta mais próximo do Mersault, o estrangeiro de Albert Camus, e também de Dopstoievski, o de 'Memórias do Subterrâneo', que a L&PM editou recentemente. Mais do que apoiar a revolução, 'Memórias do Subdesenvolvimento' a encara como um momento crítico - de crise - e a forma como o diretor absorve influências do neo-realismo italiano e da nouvelle vague francesa para construir uma expressão latino-americana - e dar corpo à literatura de Desnoes -, isso sim era e permanece revolucionário. O post está grande. Vou quebrar aqui e continuar no próximo. Me acompanhem!

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