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Uma geléia geral a partir do cinema

Cannes (5)/A explosão de Leto e Ryan Cooglar para falar da representatividade 'black'

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

CANNES - Havia um lugar vago na mesa da coletiva de Leto, O Verão, e era justamente o do diretor. Kiril Serebrewnnikov está preso na Rússia, acusado de corrupção. O festival chegou a pedir a intercessão de Vladimir Putin, que iniciou novo mandato, o quarto, à frente do poder e ele teve a cara de pau de dizer que é um problemas de Justiça, e ela é soberana. Em toda a Rússia realizaram-se protestos contra o presidente, a quem os próprios russos se dirigem como 'czar', acusando-o de absolutismo. Serebrennikov é, talvez, hoje, a mais ativa oposição contra Putin no cinema. A acusação de corrupção veio na hora. Lembra-me Philippe Garrel, que, no ano passado, mostrava aqui O Amante de Um Dia. Macron acabara de ser eleito e Garrel manifestara seu descontentamento. Perguntaram-lhe se era devido às denúncias de corrupção na campanha, e ele respondeu que não, acrescentando que tinha tolerância com a corrupçãso, que faz parte do capitalismo, mas não com com esse sentimento de direitização que, desde então, se amplia pelo mundo. O Verão reconstitui um verão da perestroika,no começo dos anos 1980. A cena roqueira de Leningrado. Mike e Viktor Tsoy, dois roqueiros que existiram, e a bela mulher entre eles. Gostei demais do filme, e até tenho viajado na iomaginação. Depois de Yomeddiner, de A.B. Shawky, sobre aqueles dois miseráveis, o leproso e o órfão, numa viagem pelo Egito, o trio de Leto mexeu muito comigo por esse ideal de beleza e liberdade num país, a URSS, que se liberava, mas logo cairia numa nova ditadura, com o beneplácito do Ocidente. Ainda me recuperava do impacto de O Verão e fui ver, na Semana da Crítica, Selvagem, de Camille Vidal Naquet, o retrato de um michê, que emdei com o estranhíssino Gräns/Border, de Ali Abbasi, da Suécia. Uma mulher que parece um bicho encontra o seu igual. Ela diz que é diferente. Possuio chamado pequeno pênois com o qual penetra o pasrceiro, que parece homem, mas tem genitália de mulher. São mutações, e enquanto ela se esforça para permanece humana, ele só pensa em se vingar de uma vida de preconceito e violência. O horror, o horror. Border está na mostra Un Certain Regard. Foi tanto, ou até mais aplaudido que Leto. E, agora, teremos um encontro de Ryan Cooglar com o público. Ontem, Pantera Negra passou no Cinema da Praia e hoje ele fala da representativade negra na tela, inclusive no universo dos super-herois. Ponho fé de que vai muito interessante.

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