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Uma geléia geral a partir do cinema

2 Filhos de Francisco

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Longe de mim querer perder meus amigos Saymon e Régis, que viraram motores deste blog, mas que loucura é esta de que '2 Filhos de Francisco' é quadrado, tradicional? E comparar o 'Francisco' a 'Rocky', pelamor de Deus... Não creio que o filme seja tão quadrado assim. A própria idéia de só oferecer Zezé Di Camargo e Luciano no desfecho, e como documentário, transformando o pai deles em protagonista da ficção já é completamente fora de esquadro em qualquer cinebiografia (de cantor e compositor ou não). 'Rocky, Um Lutador'? Só se for por causa do Francisco, também lutador... E por que não 'Psicose'? Talvez vocês já conhecessem a biografia da dupla, mas quando chega aquele caixão branco, porque o menino morreu, tive um choque, tal qual o que me foi proporcionado pelo clássico de Alfred Hitchcock, após a morte de Marion Crane na ducha. E agora? Para onde vai este filme, pensei, completamente sem bússola? Escrevi muito sobre '2 Filhos de Francisco'. Até hoje Zezé e, principalmente, Luciano, que é um cinéfilo, falam de mim com carinho - e eu agradeço a eles -, porque acham que eu avalizei o filme com meu apoio (e ajudei a vencer o preconceito contra a dupla). Ao contrário de Régis e Saymon, eu gosto (muito) de 'Francisco' como cinema. Vejo ali, no trabalho de Breno Silveira, uma brasilidade que encontro em Humberto Mauro e reencontrei também em 'O Tapete vermelho', de Luiz Alberto Gal Pereira, com Matheus Nachtergaele criando aquele Mazzaropi que me arrepia só de pensar. Talvez exagere, mas a cena em que Ângelo Antônio (genial) liga aquela luz e os meninos estão ali olhando, todos siderados, virou um dos meus momentos inesquecíveis do cinema brasileiro. Aquilo é maravilhoso e possui uma riqueza metafórica muito grande. Se não é Cinema (com maiúscula), bem, Régis, Saymon, me desculpem, mas eu simplesmente ainda não sei - depois de todo este tempo trabalhando com ele - o que é o cinema.

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