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Música clássica... E um pouco de tudo

Opinião|Um Rossini sério - e muito pouco conhecido

O maestro Luiz Fernando Malheiro fala sobre a ópera "Guillaume Tell", que o Theatro São Pedro apresenta sexta, dia 3, e domingo, dia 5, na série Cortinas Líricas

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Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:
 Foto: Estadão

Com pouco mais de 30 anos, Rossini resolveu: era hora de parar de compor. Seguiu fiel à decisão por quase quatro décadas, até sua morte, com mais de 70 anos. Ao longo da curta carreira, no entanto, deixou um universo gigantesco de obras, do qual fazem parte 39 óperas. Delas, Barbeiro, Cenerentola e talvez L'Italiana in Algeri restaram como as mais populares - e as únicas que de fato se mantiveram regularmente nos palcos. Mas, hoje e domingo, o público de São Paulo ganha a chance de ouvir de perto uma de suas partituras mais fascinantes, que revela uma faceta do autor distante da comédia: Guillaume Tell, sua última ópera.

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Os principais trechos da ópera serão apresentados na série Cortina Lírica, do Theatro São Pedro, hoje, sexta-feira, às 20h, e no domingo, às 11h. A regência é de Luiz Fernando Malheiro e, no elenco, estão o barítono Guilherme Rosa, o tenor Paulo Mandarino, a mezzo Cecília Massa e integrantes da Academia do teatro: a soprano Elisabete Almeida, o baixo Gustavo Lassen e a soprano Debora Dibi.

"Rossini foi um compositor de grande importância para a ópera italiana. Foi um transformador tanto na ópera buffa, quanto na semi-séria e principalmente no gênero sério, infelizmente ainda o mais desconhecido do grande público. Seu primeiro grande sucesso, Tancredi, transformou a dramaturgia da ópera séria. Seguiu compondo obras primas até Semiramide, considerada a última grande ópera essencialmente belcantista composta", explica Malheiro. "Mudando-se para Paris, Rossini compos sua última e talvez mais importante ópera, Guillaume Tell, que de certa forma transformou ou determinou os parâmetros do grand-ópera francês, influenciando todos os franceses que viriam depois", completa o maestro.

A série Cortina Lírica do São Pedro já apresentou, este ano, La Clemenza di Tito, de Mozart, e, em outubro, terá como atração Os Contos de Hoffmann, de Offenbach. "O fomato de trechos de ópera apresentados em concerto, somente com as principais partes instrumentais e solistas da ópera, nos permite explorar o repertório com mais liberdade do que as limitações técnicas e financeiras muitas vezes deixariam fazer. Ampliamos o repertório da orquestra, envolvemos mais cantores e levamos ao público uma diversidade maior de títulos", diz Malheiro. "O critério da escolha dos títulos é pautado um pouco por isso e também pelas características vocais e técnicas dos cantores que temos à disposição, orbitando em volta das atividades do São Pedro."

SERVIÇO Guillaume Tell, de Rossini Sexta-feira, dia 3, às 20 horas Domingo, dia 5, às 11 horas Theatro São Pedro Rua Albuquerque Lins, 207, tel. (11) 3667-0499 De R$ 10 a R$ 30

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Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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