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Música clássica... E um pouco de tudo

Opinião|Plácido Domingo - o tenor, o barítono e o maestro - em um só concerto no Rio

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Atualização:
O tenor Plácido Domingo com o pianista chinês Lang Lang antes da apresentação na noite de sexta, no Rio Foto: Estadão

 

O tenor espanhol Plácido Domingo mostrou na noite de ontem, sexta, no Rio, por que é, nas palavras do pianista Lang Lang, que esteve ao seu lado na apresentação na HSBC Arena, um ícone da cultura ocidental. Cantou como tenor, como barítono,  regeu a Orquestra Sinfônica Brasileira - e, com um carisma difícil de igualar no mundo da música clássica, comandou um programa que o levou de árias de ópera ao universo popular.

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É justo dizer que o caminho entre uma ária como "Nemico della Patria", da ópera Andrea Chenier,até canções como Garota de Ipanema não esteve sempre livre de obstáculos no limite do bom gosto. Afinal, um arranjo que se inicia com uma versão para piano e orquestra da trilha do filme Super-Homem e se transforma em Aquarela do Brasil é capaz de desafiar o mais aberto e livre de preconceitos dos corações musicais. Mas, em geral, Domingo sabe levantar e conduzir um espetáculo e envolver o público naquilo a que se propõe a fazer. E, convenhamos,  que tenor é capaz de fazer uma plateia de milhares de pessoas entoar com ele Besame Mucho?

O concerto teve, além da participação do pianista Lang Lang, que interpretou peças de Rachmaninoff e Chopin e até Tico Tico no Fubá, presença da soprano Ana Maria Martinez e do maestro Eugene Kohn. A surpresa a que Domingo vinha se referindo era a presença da cantora Paula Fernandes, com quem fez dueto em Garota de Ipanema e em Cidade Maravilhosa, dois dos inúmeros extras oferecidos após a apresentação - na lista, espaço também para Granada e para a repetição de alguns números do programa. A fórmula, enfim, foi a de sempre - mas levada adiante por um artista capaz de, após quase cinquenta anos de carreira, manter a ilusão de estar constantemente se renovando.

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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