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Música clássica... E um pouco de tudo

Opinião|Antonio Meneses, Maria João Pires e um disco inesquecível

Para quem acompanha a carreira do violoncelista Antonio Meneses, já não é novidade a importância que a música de câmara ganhou em sua carreira nos últimos 15 anos. Ela esteve presente desde o início em sua trajetória, é verdade. Mas foi com a entrada no Trio Beaux-Arts, e especialmente no trabalho com o pianista Menahem Pressler, que ele aprofundou-se no gênero. O trio acabou há alguns anos, Meneses lançou discos em que atua à frente de orquestras, tocando concertos de Haydn, Dvorak, Elgar, Gal. Mas, em 2010, uma nova mágica se fez e, no palco do Auditório Claudio Santoro, em Campos do Jordão, seu talento combinou-se com o da pianista Maria João Pires na formação de um novo duo. 2010? A mágica daquele encontro foi tão grande que parece ainda mais recente na mente daqueles que presenciaram o recital. E, para quem não presenciou, o disco em que os dois interpretam Schubert e Brahms, lançado pela Deutsche Grammophon, é obrigatório. Mesmo.

Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:

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O lançamento é do final do ano passado, ganhou o Prêmio Concerto, já é, para os padrões jornalísticos, notícia velha. Mas a qualidade da interpretação fez com que o disco não parasse de tocar lá em casa desde então. Ele vai, mas volta, cada dia mais surpreendente. O que fascina na música de câmara é o aspecto intimista e o paradoxo fascinante que ele carrega. Afinal, naquele espaço do recital, exige-se a reafirmação da individualidade do músico e, ao mesmo tempo, sua capacidade de servir à individualidade daquele com quem se divide o palco. No mundo ideal, surge, do duo, um terceiro músico, cujo toque faz de violoncelo e piano instrumentos indissociáveis. E é assim na "Arpeggione", de Schubert, é assim na "Sonata n. 1", de Brahms.

2010... Já se vão quatro anos.

Está mais do que na hora de Maria João e Meneses voltarem juntos aos nossos palcos, não?

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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