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Também no 'Caderno 2' de hoje, Lauro Machado Coelho publica a crítica do concerto de quinta-feira de Yan Pascal Tortelier à frente da Osesp. "O final de Nimrod, um crescendo nas cordas que se desfaz, de repente, num impalpável pianíssimo, exige do maestro precisão e sutileza. Yan-Pascal Tortelier sabe o que faz. Para o seu primeiro contato com a plateia paulista, num momento particularmente delicado da história da Orquestra Estadual, escolheu as Variações Enigma, porque essa peça de Edward Elgar - série de 14 retratos de seus amigos e dele mesmo - oferece ao regente as mais variadas oportunidades de mostrar o que sabe fazer", escreve ele. A íntegra você lê aqui.
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Nas leituras dos jornais agora de manhã não dá para passar batido pelas notícias sobre o caso da menina de 9 anos que estava grávida do padrasto, por quem foi estuprada. D. José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife, decidiu excomungar a mãe e os médicos responsáveis pelo aborto da menina, afirmando estar seguindo a "lei de Deus" e que mesmo o estupro não é crime tão grave quanto o aborto. Vivemos em mundo de quebra de valores, é verdade; é um mundo que se transforma rapidamente, gerando sensação de insegurança advinda da ausência de normas preestabelecidas que dêem conta dos desafios da sociedade moderna, algo que a sociologia denominou de estado de anomia, a sensação de se estar à deriva perante os processos coletivos e sociais. A conseqüência mais cruel de um quadro assim aparece quando a quebra de valores deixa de significar a possibilidade de nos reinventarmos como sociedade e justifica uma volta radical ao que há de mais asqueroso no ser humano: a intolerância e o conservadorismo barato. Quando fala em "lei de Deus" (interpretada por ele de maneira muito pobre, como mostra o colega Marcos Guterman em seu blog), d. José se exime de qualquer responsabilidade sobre sua atitude e apela a uma ideia de respeito às instituições que reduz o ser humano a nada, a uma fórmula maniqueísta e medieval de certo e errado. Deixo mais para os especialistas no tema e, para voltar ao assunto do blog, apenas aproveito para relembrar uma carta em que Beethoven fala a um conhecido advogado. "Sobre os nossos monarcas e seus impérios não lhe direi nada - os jornais contam tudo. A mim é mais querido o mundo do espírito e este está acima de todos os impérios terrestres e eclesiásticos", escreve ele.