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Opinião|Dois novos talentos da ópera brasileira juntos no palco

O tenor paraense Attala Ayan fala sobre o recital que faz amanhã, terça, no Masp, ao lado do pianista Rafael Andrade

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 Foto: Estadão

Dois novos talentos da ópera brasileira se encontram amanhã no palco do Auditório do Masp, em um recital que integra a série de câmara da Cultura Artística. Ao piano, Rafael Andrade, que depois de se formar em São Paulo, especializou no Centre de Perfeccionament Plácido Domingo, no Palau de Les Arts de Valência, e no Domingo-Cafritz Young Artist Program, em Washington, e tem se notabilizado pelo trabalho em palcos como o Teatro Municipal de São Paulo; de outro, o tenor paraense Atalla Ayan: atualmente membro do elenco da Ópera de Stuttgart, na Alemanha, ele se prepara para estrear, em outubro, no Teatro Alla Scala, de Milão, como Nemorino em O Elisir do Amor, de Donizetti.

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A princípio, o programa seria aberto pelo ciclo Dichterliebe, de Schumann, mas Ayan diz que, por questões de tempo, preferiu trocar o repertório, agora composto por canções de Bellini, Tosti e Valdemar Henriques e árias de Donizetti (O Elisir do Amor), Mozart (Don Giovanni) e Massenet (Werther). "É um repertório que tenho feito bastante e acho interessante misturas as canções com as árias. Na verdade, eu entendo a canção como uma miniópera, ela também tem uma história a narrar", explica. "E há quem diga que o Tosti é o Schubert italiano."

Atalla Ayan integra, desde 2012, o elenco estável da Ópera de Stuttgart. "É um lugar maravilhoso para qualquer jovem cantor. É claro, cada um tem a sua trajetória, a sua experiência, mas para mim tem sido uma preparação incrível. Cantar sempre, ter uma rotina de apresentações, acaba fazendo do palco a sua casa. Na Alemanha, os teatros são como fábricas de ópera. E eu concordo com aquela máxima que diz que, depois de uma boa escola, o melhor professor precisa ser a própria profissão. Nesse sentido, cada trabalho é um aprendizado."

Em outubro, ele faz sua estreia no Scala de Milão, com o Elisir do Amor. "A expectativa é muito boa, mas assusta um pouco. O público italiano é extremamente exigente - e tem que ser mesmo, afinal é Donizetti, é a música deles. Estou me preparando enlouquecidamente. Primeiro, pelo respeito a esse palco, que carrega uma sacralidade, é como se fosse um templo para mim. E, segundo, porque sei que este é um público muito exigente. Gosto é uma coisa relativa, mas a gente nunca sabe. Então tem que se preparar, estar pronto para o trabalho."

Após o Scala, Ayan já tem alguns compromissos fechados. Ele segue em Stuttgart mas, no ano que vem, estreia na Ópera de Munique, mais uma vez interpretando Nemorino em O Elisir do Amor; e, em 2017, sobe aos palcos do Metropolitan de Nova York e da Ópera de San Francisco para cantar Alfredo, na Traviata, de Verdi.

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SERVIÇO Attala Ayan e Rafael Andrade Grande Auditório do Masp Terça, dia 28 de julho, às 21 horas Informações: www.culturaartistica.com.br

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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