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Opinião|Centenário da Revolução Russa inspira série de concertos

Neste sábado, o pianista Gustavo Carvalho e o jornalista Irineu Franco Perpetuo abrem programação no Sesc Vila Mariana, com aula-espetáculo dedicada a mostrar a evolução da música russa desde o final do século 19 até a produção contemporânea

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Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:

O Sesc Vila Mariana inicia neste sábado às 18h30 uma série de concertos dedicada ao centenário da Revolução Russa. Serão cinco apresentações em setembro, sempre aos sábados. A primeira atração, neste sábado, dia 2, é uma aula-espetáculo com o pianista Gustavo Carvalho e o jornalista e tradutor Irineu Franco Perpetuo.

O jornalista Irineu Franco Perpetuo Foto: Estadão

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"A Revolução aconteceu em um momento bastante especial das artes na Rússia, conhecido como Era de Prata. Não só a música, mas todas as artes do país passavam por um momento de efervescência cultural única", explica Perpetuo. "É o período de Malévitch, Chagall, Kandinsky, Maiakóvski, Eisenstein, Ródtchenko, Blok, Akhmátova, enfim, criadores russos que são referência em suas áreas até hoje. O que o concerto vai mostrar é um pouco da riqueza e diversidade da produção da música russa desde então", completa.

O programa começa com os 5 Prelúdios op. 16, 2 Poemas op. 32 e a Sonata op. 53 de Alexandre Scriabin. Em seguida, 2 Poemas de Nikolai Róslavets; Visões Fugitivas, de Prokofiev; uma seleção dos Prelúdios op. 34 de Shostakovich; a Chaconne de Sofia Gubaidúlina; e, de Rodion Schedrin, o Prólogo e corrida de cavalos, do balé Anna Karenina, na transcrição de Mikhail Pletnev.

O pianista Gustavo Carvalho Foto: Estadão

"Vamos começar com Scriabin, que morreu dois anos antes da Revolução, em 1915, e que talvez seja o compositor que melhor sintetiza o espírito da Era de Prata, e vamos chegar até dois autores contemporâneos que viveram na URSS e sobreviveram ao fim do regime soviético: Gubaidúlina e Schedrin", explica Perpetuo. "Lembro ainda que muitas das vanguardas russas apoiram o regime nascido em 1917, porém passaram a ser perseguidas com a ascensão de Stálin, especialmente a partir da década de 1930. Em nosso concerto, esse caso é exemplificado com a música de Róslavets, celebrado entre os futuristas e, posteriormente, perseguido pelo regime. E o concerto traz ainda dois autores bastante conhecidos e tocados no Brasil, que tiveram relações complexas com o regime soviético: Prokófiev e Chostakóvitch."

Outros concertos

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No dia 9, a atração da série é o Quarteto Romanov, com um programa sobre o nacionalismo soviético. No dia 16, o concerto da São Paulo Schola Cantorum aborda o repertório coral. A soprano Marília Vargas, a harpista Liuba Kletsova e o contrabaixista Pedro Gadelha, acompanhados da tradutora, doutora pela USP e editora da Kalinka Daniela Mountian, sobem ao palco no dia 23, com canções inspiradas em poetas como Anna Akhmátova, Marina Tsvetáieva e Vladimir Maiakovsky. Encerra a série, no dia 30, o pianista Horácio Gouveia, com recital solo.

 

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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