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Profissão: Cupido

Por Estadão
Atualização:

Meus amigos reclamam que eu sou metido a bancar o Cupido. Dizem que essas coisas armadas nunca dão certo, mas eu não desisto.

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Minha (suposta) vocação para Cupido surgiu há alguns anos. Para ser mais exato, nasceu exatamente no dia do meu casamento. Foi uma reação lógica ao matrimônio: já que eu não poderia mais aproveitar a vida de solteiro, passei a tentar desencalhar o maior número possível de amigos. Quanto mais casaizinhos na turma, menor a chance de um solteiro ligar no dia seguinte para me torturar com detalhes sórdidos de suas baladas.

Para quem não sabe, o deus romano Cupido é o mesmo anjinho com arco e flecha que na Grécia antiga se chamava Eros. Segundo a mitologia, Cupido era filho de Vênus e Marte e teve um tórrido caso de amor com a princesa Psique, Deusa da Alma. Peraí! Se ele era o Cupido, quem foi que ajudou a juntar ele e a Psique? E os pais dele, Vênus e Marte? Essa história está mal contada.

Reconheço que não sou o melhor Cupido do mundo, mas faço o possível. Guardo na gaveta, por exemplo, uma pasta com uma lista de amigas e amigos solteiros, por exemplo. A cada amiga que me liga chorando com aquele papinho "acabei de terminar o namoro", saco a lista e apresento uma série de possíveis candidatos. Geralmente a amiga (ex-amiga, depois disso) desliga na minha cara, mas isso não importa. O que vale é a intenção.

Não escondo de ninguém que o meu objetivo é formar um batalhão de casaizinhos, todos marchando pelas ruas da cidade em direção a salas de teatro e restaurantes descolados. Em vez de palavras de ordem, discussões sobre cinema e música; no lugar de estratégias militares, debates acalorados sobre a influência do, sei lá, vinho chileno no futebol africano. Tudo com muita educação, porque casaizinhos são sempre muito civilizadinhos.

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Algum amigo solteiro deve estar lendo esse texto e pensando: "isso é papo furado, ele nunca me apresentou ninguém!" Calma. A sua hora ainda vai chegar. Enquanto isso, trabalho discretamente. Quando você menos esperar, uma flecha atingirá seu coração. E aí é só me avisar: eu sempre guardo uma mesa a mais no restaurante.

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