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Os Beatles são uma metáfora da vida

'Abbey Road': And in the end... the love you take is equal to the love you make (E no fim, o amor que você leva é igual ao amor que você faz

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Por Redação
Atualização:

Hoje marca o início de uma nova onda (mais uma) de Beatlemania. É que nesta data cabalística, 9/9/09 (number nine, number nine...), além do relançamento pela gravadora EMI dos 13 discos dos Beatles em versões remasterizadas, chega às lojas o videogame que permite dividir o palco e 'tocar' junto com os quatro músicos de Liverpool.

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Os 'novos' discos estão bem legais, com projeto gráfico vintage, qualidade de som mais fiel ao que foi gravado no estúdio e alguns arquivinhos em vídeo que recriam a atmosfera no lendário estúdio Abbey Road. Já o game é legal, tudo bem, mas como todos os jogos do gênero é uma bela besteira. Seria bem mais interessante para um garoto gastar tempo aprendendo a tocar um instrumento de verdade em vez de simular isso na frente de uma TV.

É apenas uma opinião, mas isso não vem ao caso. O que vem ao caso é que toda essa história me deixou com uma pulga atrás da orelha (nossa, que expressão velha) e me fez questionar: por que, depois de tantos anos, os Beatles ainda continuam a fascinar as pessoas dessa maneira?

A primeira coisa que me veio à cabeça foi o lado cultural, a influência que eles exerceram na sociedade com o seu modo de se vestir, seus cortes de cabelo. Só isso já seria gigantesco, mas tinha que haver algo a mais.

A música, claro. As canções dos Beatles não são apenas tão maravilhosas quanto qualquer obra composta por Mozart ou Beethoven, como também foram, são e serão para sempre a trilha sonora de milhões de amores, sonhos, vidas.

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Mas não foram apenas a influência no comportamento e as músicas: os Beatles são uma metáfora da vida. A química entre John, Paul, George e Ringo é uma daquelas coisas inexplicáveis que acontecem apenas uma vez na eternidade. Além do talento e do carisma, cada um deles revelou-se profeticamente como arquétipo: John é a rebeldia; Paul, o amor; George, a espiritualidade; Ringo, a graça.

Somos uma mistura das personas dos quatro Beatles, com intensidades e porcentagens diferentes. Às vezes, nos comportamos diante de determinada situação com uma paixão ingênua à la Paul; às vezes somos mais descompromissados, mais leves, mais Ringo.

A carreira dos Beatles também contribui para a criação desse mito, justamente porque a curta trajetória deles se confunde com a própria existência humana. Por meio de sua obra genial, acompanhamos a transformação de garotos em homens, a substituição do coletivo pelo individual, o fortalecimento do ego. Ao olhar para uma foto dos Beatles, descubro que eles não são apenas os Beatles: eles são todos nós.

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