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Por Estadão
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 Foto: Estadão

Sei que já está meio velho, mas só para constar: fui no TIM Festival no domingo e fiquei muito decepcionado.

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A organização do show foi péssima: como é possível você tratar como gado alguém que pagou R$ 200 por um ingresso? Isso dá quase US$ 100!!! Nem no exterior um show é tão caro assim, ainda mais em festival. Fora que eu perdi metade do show da Juliette Lewis porque estava na fila da cerveja. Será que é tão difícil para uma empresa dimensionar esse tipo de serviço? Fora que eu comprei a fichinha para um pedaço de pizza e tive que andar o Anhembi inteiro, porque a pizza só poderia ser retirada numa barraquinha a quilômetros de distância. Quando cheguei lá, me senti um refugiado africano diante de um comboio da ONU: era preciso lutar pela comida. Será que não valeria a pena contratar mais gente? Resultado: estou com minha fichinha até agora. Como eu faço para pegar o reembolso? É o fim.

Já que estou destilando a revolta, quero parte do dinheiro do ingresso de volta também. Não consegui ver direito a banda que eu mais queria, The Killers, porque o show começou às 4h da manhã. Será que os (des)organizadores não podiam ter um pouquinho de respeito com o público? O festival, que era para terminar às 2h30 (o que já é um absurdo em um domingo), terminou às 5h30. Se o festival fosse na Europa, as bandas seriam apedrejadas. Com razão.

E a música? Fiquei tão chateado com a roubada toda que nem curti os shows. Vi um pouco do Hot Chip (legalzinho, gosto da música 'And I Was a Boy From School', do disco 'The Warning'). Vi a Björk (foto acima, Tiago Queiroz/AE) e não consigo entender por que os críticos falaram tão bem. O show foi muito chato! E olha que eu adoro a Björk; mas aquele tipo de apresentação não era para se ver ao ar livre, no meio da multidão, etc. Era um show para a gente prestar atenção nos detalhes, ouvir as texturas... Björk canta sobre uma base eletrônica e acompanhada por uma dúzia de malucos tocando sopros, acho que era a orquestra da Moldávia ou algo assim. De qualquer jeito, pulei e cantei bastante em 'Army of Me' e 'Hyperballad'. Só mais uma coisa: quem será a estilista da Björk? Sempre achei que o objetivo de um figurino era deixar alguém mais bonito, mais elegante, mais sexy, mais chique, ou tudo isso junto. Com Björk, não: o objetivo dela é tentar se passar por um objeto de decoração kitsch. Björk não é apenas a-ssexuada, ela é a-lienígena. Antes que reclamem, notem que não estou dizendo que ela é feia. Ela é es-tra-nhís-si-ma. Quer imaginar uma coisa ainda mais estranha? Imagine alguém transando com ela. Deve ser muito esquisito. Na verdade, existe alguém que faz isso: o marido da Björk. Imagina ser o marido da Björk? Imagina acordar durante a noite e encontrá-la vestida de, sei lá, cisne do Nepal? Não sei o que é mais esquisito, imaginá-la vestida de cisne... ou nua. Ainda bem que existe gosto para tudo.

Daí veio a Juliette Lewis and The Licks, uma bela surpresa. O som dela não é original (parece Iggy Pop + Patti Smith) e a banda também não é tudo isso, mas o show foi muito legal porque ela não pára de agitar, correr para lá e para cá, ou seja, ela se esforça para fazer um bom show. Ela não tenta ser 'artística'. E ela foi bem, as músicas são legais... resumindo, ela parece muito simpática e veste a camisa do rock and roll, então eu gostei do show. Fora que eu acho, sim, ela muito gata.

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Daí veio o Arctic Monkeys, o melhor show da noite. Eles não se mexem muito, parecem meio nerds, mas o som compensa. É incrível que uma banda tão nova e de apenas dois discos tenha tantas canções boas. E eles são uns moleques! Os caras têm em média 20 e poucos anos. Quando eu tinha essa idade, cheguei a viajar um pouco pelo mundo com uma guitarra a tiracolo e já foi muito divertido. Imagina para eles, então, como deve estar sendo, já que aqui estamos falando de um sucesso ultra-mega-blaster-power.

Daí veio o The Killers, uma das minhas bandas favoritas. O som começou péssimo e só piorou. O baixo estourou (acho que o PA pifou) e os graves do baixo e do bumbo da bateria cobriram todos os outros instrumentos. Como era 4h da manhã, só consegui ver três músicas, e isso com os dois dedos no ouvido (para não estourar os tímpanos). Fiquei muito chateado com uma produção que marca um show à 1h e começa às 4h. Se um atraso de três horas não faz diferença na vida dos incompetentes que produziram esse festival, na minha, faz.

Desculpe a revolta, mas eu não aguento ficar quieto. Para mim, não foi TIM Festival: foi FIM Festival. A gente NÃO se vê no ano que vem.

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