Fim de semana em Curitiba: De olho na cidade

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Por Redação
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Acabo de voltar de Curitiba e confesso que fiquei impressionado com a cidade. Limpa, organizada, bonita, moderna, uma cidade do tamanho ideal para quem busca qualidade de vida. Estava frio, sim, e as cidades brasileiras de maneira geral não são preparadas para lidar com baixas temperaturas. É incrível: em qualquer cidadezinha americana todas as casas têm aquecedores e estrutura para que você fique confortável pelo menos quando está em um ambiente fechado. Em Curitiba, assim como em São Paulo, não dá para não ficar coberto com casacos, não importa se você está parado na calçada ou vendo TV dentro do seu apartamento.

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Ao contrário do que os próprios curitibanos dizem, não achei Curitiba uma cidade provinciana. Tudo bem, talvez seja um pouco no sentido de que todo mundo se conhece, a elite local é bastante fechada, o serviço em alguns lugares deixa a desejar, etc. Mas achei Curitiba uma cidade bastante cosmopolita, não tanto no sentido 'globalizado' e atual desse termo, mas principalmente porque é uma cidade com muitos imigrantes e, por consequência, muita gente falando idiomas variados além do português.

Graças a meus amigos locais, conheci alguns lugares bem legais. Cheguei na sexta-feira à noite e já fui direto para um restaurante muito gostoso, o Lagundri. Comida tailandesa/asiática de primeira, com receitas assinadas pela dupla de chefs Marcelo Amaral e Ken Francis, ambos com diploma da Royal Thai School of Culinary Arts, na Tailândia. Não esqueça de pedir a pimenta à parte, ou você será obrigado a tomar baldes e baldes dos exóticos drinques da casa (não que isso seja um problema, claro.) Além dos temperos fortes, tome cuidado com outro ingrediente: o preço. É caro.

Curitiba é uma cidade cheia de padarias gostosas. Não são padarias no sentido 'padoca' do termo, mas quase cafés europeus, charmosos e aconchegantes. Conheci duas, Marcolini, que também funciona como restaurante, e Prestinaria, que tem como mérito não apenas o café da manhã delicioso, mas o fato de ter o registro do endereço www.pao.com.br . Não é pouca coisa.

Em relação à cultura, tenho que chamar a atenção para a livraria Bisbilhoteca, onde fiz o lançamento do livro 'Ping Pong'. É um espaço infanto-juvenil muito legal, que caberia em qualquer cidade do país (que tal em São Paulo, Cláudia?). A livraria não tem apenas um belo acervo de livros em várias línguas (francês e alemão, além de português, claro), mas um espaço para oficinas com crianças, contadores de histórias, etc. Para quem tem filho pequeno ou pré-adolescente, uma maravilha de lugar.

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Além do Lagundri, comi em dois lugares bem gostosos: O Quintana, uma espécie de restaurante-cabeça onde até o cardápio tem toques de literatura, e o Oli Gastronomia, um moderninho que se tivesse a luz um pouco mais baixa seria perfeito.

Depois de tudo isso, um drinque no Hacienda para fazer a digestão. É um bar bem legal, com um cantinho onde se toma vinho como se estivesse em casa. Pena que no sábado à noite fomos expulsos do local porque os donos do bar tinham outro compromisso. Será que isso aconteceria em São Paulo? Não sei. Aqui todo mundo está sempre muito ocupado tentando ganhar dinheiro para ter outros compromissos.

O melhor passeio de todos, no entanto, é arquitetônico. Curitiba, que ficou mais famosa em todo o país graças aos projetos de Jaime Lerner (embora muitos o critiquem), tem um centro cívico bastante interessante, principalmente para quem se interessa por arquitetura modernista. O grande prédio da cidade, no entanto, fica ali do lado: o Museu Oscar Niemeyer, também conhecido por razões óbvias como 'olho'. São 35.000 metros quadrados de área construída, com várias salas de exposições, auditório, lojinha... e, claro, o prédio do Niemeyer, que é maravilhoso. Não gosto de todas as obras do arquiteto (o Memorial da América Latina é horrível), mas o 'olho' é realmente impressionante. O desenho é óbvio, infantil até. Mas quando se chega perto daquela estrutura gigante e se vê a força da sua forma, chega a ser emocionante.

Não sei não, lembrando do fim de semana na cidade para escrever esse texto... pelo jeito, acho que vou voltar em breve a Curitiba. Ou talvez seja melhor esperar o frio ir embora.

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