E Donald Trump, quem diria, começou seu governo com uma decisão que pode, mais à frente, ajudar o Brasil. Ao retirar, ontem, os EUA da Parceria do Trans-Pacífico (TPP, na sigla em inglês), ele "beneficia as exportações brasileiras, em especial as de carne e o agronegócio", avisa o embaixador Rubens Ricupero. "Tira um problema do caminho desse setor da economia brasileira."
De que maneira? "No âmbito da TPP, Japão, Coreia do Sul e outros asiáticos já tinham assinado acordos que, na prática, desfavoreciam as agroexportações brasileiras", explica o economista. Sem eles, o Brasil volta ao jogo na área.
E como esse tratado, sem americanos, afeta a América Latina? Aí a situação é outra, avisa Ricupero. "Como México e outros vizinhos têm acordos de livre-comércio com os EUA, tudo depende de como Trump vai negociar esses interesses bilaterais."
Trump 2
Nas outras áreas, o estilo "America first" ajuda ou atrapalha o novo presidente? Para o embaixador, é preciso entender como Trump funciona no poder. "Ele gosta de ganhar no grito. Fala duro, ameaça e depois pede algo em troca para esquecer o assunto."
Como exemplo, Ricupero cita o jogo de Trump com a China a respeito de Taiwan. Ele "já falou grosso" mas talvez se disponha, mais à frente, a negociar algum controle nas exportações chinesas para os EUA. Em troca, "poderia, quem sabe, deixar Taiwan de lado".