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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

'Sempre tive fé no amor, mas agora estou meio vazia', diz Luana

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Por Sonia Racy
Atualização:
FOTO IARA MORSELLLI/ESTADÃO  Foto: IARA MORSELLLI/ESTADÃO

Separada, trabalhando em cinema e

cuidando de três filhos, a atriz comemora

seu papel em 'O Homem Perfeito', curte a tarefa de educar e não tem,

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ainda, planos para a TV

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Sim, Luana Piovani está separada do surfista Pedro Scooby, com quem tem três filhos. "A coisa da separação me tirou um pouco a fé nos casais, no amor, sabe?", admitiu a atriz, enquanto era maquiada e ouvia Elvis Presley nos bastidores do filme O Homem Perfeito, uma coprodução da Damasco com a Popcon, de Tatiana Quintella - que foi quem a convidou para viver Diana, a protagonista do longa.

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Coincidência ou não, o tema do filme é parecido com o de A Mulher Invisível, trabalho que marcou a carreira da atriz e que terá uma continuação no ano que vem. "Louco, né?", disse Luana, hoje em seus 40 anos, nesta entrevista à repórter  Sofia Patsch. "Agora estou fazendo o outro lado, o que é muito interessante, porque a gente realmente vê que a perfeição não existe".

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Assídua das redes sociais, a atriz diz não se arrepender de ter dividido nessas mídias momentos íntimos com o ex-marido, que na época lhe renderam uma enxurrada de haters. "Fiz 20 anos de análise e tive alta. No meu caso, eu uso a rede social, não é a rede social que me usa. Tenho total noção do meu domínio", garantiu, num tom de voz que deixava patente a segurança que lhe é peculiar.

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Feliz em voltar ao trabalho - depois de um ano e meio como mãe e dona de casa -, ela não tem planos para a televisão. "Por enquanto não há nenhuma proposta". Engajada, disse estar feliz em ver os artistas se manifestando sobre a situação do País. "Resolveram botar a cara a tapa, o que é difícil. Em um país sem educação como o Brasil, quem manda são as pessoas que estão na novela da Rede Globo". A seguir, os melhores momentos da conversa.

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Afinal, você e Pedro Scooby estão separados ou não?

Estamos separados, mas somos uma família. Nem a gente sabe, na verdade.

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Acha que a exposição da intimidade de vocês quando eram casados atrapalhou, de alguma forma, a relação?

Não acredito nisso. Não acredito que rede social pode atrapalhar relacionamento. A não ser que a pessoa não saiba usar a ferramenta, aí talvez possa atrapalhar. No meu caso, eu uso a rede social, não é a rede social que me usa. Tenho total noção do meu domínio.

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Nunca se arrependeu do que postou?

Não. O que eu exponho é o que posso expor. Tem bilhões de coisas na minha vida que eu não mostro porque não quero, acho que não devo. Mas o que está exposto, pode ter certeza de que pensei, repensei, e só está ali porque quero que esteja. Já fiz toda essa conta.

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E também não liga para o que falam de você?

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Não ligo, não. Fiz 20 anos de análise e tive alta.

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Como é ter alta da análise?

É superestranho. Fiquei muito carente, confusa, me senti meio abandonada. Mas depois você entende. Minha analista falou: "Luana, os conflitos que você tem apresentado são conflitos que você mesma já diagnostica e contra os quais você se automedica. Isso mostra que o nosso tempo juntas já não é mais necessário". Mas estou pensando em voltar.

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Por quê?

A coisa da separação me tirou um pouco a fé, assim, nos casais, no amor, sabe? Não no amor de sentir, no amor idealizado, mas no amor do casamento, aquele pelo qual a gente faz um juramento.

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Idealizar a família perfeita...

Nossa, no momento tô me sentindo um homem. Estou parecendo aquele homem que acabou de se separar e fala: "agora eu não caso nunca mais..." (risos). Mas essa não sou eu, entende? Sempre tive muita fé no amor, no encontro, mas agora, de alguma maneira, estou meio vazia.

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E como mãe, está realizada? Estou muito! E educar é muito bom, você volta a acreditar no futuro, coisa que é tão difícil, não é? Apesar de tudo isso que acontece ao nosso redor. Você fala, está vendo... Na hora que esses filhos da p... tiverem compaixão e resolverem dar educação pro nosso povo, vai ficar tudo maravilhoso. A gente vai virar Amsterdã, a gente vai virar Berlim, vai dar certo isso aqui. Porque é um povo divertido, batalhador pra caramba. A gente tem energia pra caramba, trabalha muito.

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Como educa seus filhos?

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Como fui educada. Minha mãe sempre me deu muita liberdade, mas tinha limites rígidos e muito claros, que é como eu acho que lido com os meus filhos. Dou liberdade, converso, dialogo, falo de igual pra igual, abaixo, fico da altura deles, olho no olho, falo devagar, pausadamente, para eles me compreenderem. A palavra é muito importante, tem que saber utilizá-la quando se está educando, usar palavras de incentivo.

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Como os seus filhos, principalmente o mais velho, estão lidando com a separação?

Cara, nós já vínhamos numa rotina que para eles não mudou muito, porque o Pedro viaja muito. E, por conta dos bebês, eu durmo às 10 horas da noite com o Dom e acordo muito cedo para poder ficar com os gêmeos antes de ele acordar. E o Pedro não estava nesse "modus operandi" da casa, não estava nos acompanhando. O Dom sabe que o pai saiu de casa, mas não se assustou. Desde muito pequeno ele me acompanha em viagens. Quando eu fazia Super Bonita ele viajou comigo pelo Brasil, na turnê da peça Mania de Explicação. Para ele é natural o pai e a mãe viajarem para trabalhar.

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Ele se dá bem com o pai?

Super. Eles são amigos. Se divertem horrores, têm muita cumplicidade. O Pedro tem um lado incrível, de diversão, de entretenimento, tem uma vida preenchida de amigos. Nasceu em Curicica, que é um lugar onde as pessoas ficam nas calçadas, na rua, conversando, jogando bola, empinando pipa, um lugar muito feliz pra infância. E ele passa muito disso para o Dom. Eles são muito amigos. E a gente também é muito amigo. Temos um amor eterno um pelo outro. Só que depois que ele saiu de casa não entendi de novo como voltar. O código, assim, falhou, eu tô um pouco perdida.

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Estão conversando?

Estamos vivendo cada dia de uma vez. Vencemos diariamente, sabe. Eu também não tô com pressa de nada, não tô pressionando nada, nem ele tampouco. Acho que ele entendeu que agora não adianta me pressionar. Então a gente está junto levando uma vida boa, priorizando o nosso bem estar e dos filhos. E está muito bom.

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Você está atualmente filmando em São Paulo o longa O Homem Perfeito. Há quanto tempo estava afastada das telas?

Meu último trabalho acabou em maio de 2015, que foi a turnê pelo Brasil com o meu infantil Mania de Explicação. Parei de trabalhar quando estava com quatro meses de gravidez. Fiz coisas pequenas, esporádicas, como a Playboy - que quase não dá para chamar de trabalho, foi mais uma celebração. Então estou praticamente há um ano e meio sem trabalhar. E voltei pro set de filmagem fazendo a Diana, protagonista do O Homem Perfeito, pra minha sorte.

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Assim como no filme A Mulher Invisível, no qual você dava vida à 'mulher perfeita' - só que na imaginação do personagem do Selton Melo -, neste trabalho é a sua personagem que idealiza o 'homem perfeito'. Coincidência?

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Louco, né? Agora estou fazendo o outro lado, o que é muito interessante, porque a gente realmente vê que a perfeição não existe. Todos os nossos heróis serão perdoados, assim como nossos anti-heróis. O ideal vem da ideia, ou seja, só existe na nossa cabeça.

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Então, na sua opinião, não existe homem perfeito?

Não existe. E é bom que isso seja bem destacado. Temos que escolher o defeito que mais toleramos. Ninguém é perfeito - nem a gente, nem o chamado "homem perfeito". Mas um homem com sensibilidade e que goste de dançar, anima mais um pouco, né. Porque mulher gosta de dançar e gosta de conversar, gosta de ser ouvida. Procuramos entendimento, muito mais do que homem. Hashtag '#ficaadica'.

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E A Mulher Invisível terá uma continuação?

Começaremos a gravar A Mulher Invisível 2 no ano que vem, acredito que no primeiro semestre. Ainda estamos em fase de captação, que, como se sabe, não anda nada fácil.

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Está focada no cinema agora? 

Na verdade sou autônoma. Estou focada em quem está me enxergando. A Tati (Quintella) me convidou pra fazer O Homem Perfeito e A Mulher Invisível já estava acordado anteriormente.

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E quanto a novelas?

Por enquanto não tem nada. Nenhuma proposta.

Como você administra a rotina de gravação com os gêmeos?

É tudo bem mais intenso, mas sei delegar bem e confio muito nas pessoas que me cercam, justamente porque sou exigente com a minha equipe. Só funciono bem porque tenho uma equipe muito boa. Bati a cabeça um pouco, mas finalmente achei um time "5 estrelas".

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Quantas babás você tem?

Três durante a semana, visto que tenho 3 filhos, e no final de semana tenho 2, que aí o pai ou a mãe, alguém, segura a onda do mais velho, que está com 4 anos e meio.

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Seu mais velho ficou com o pai no Rio. Como está lidando com a distância?

Olha, não trabalho com culpa, sabe? Quando ela vem batendo eu falo: "opa, te reconheci, não quero você sentada na minha sala". Então eu não fico culpada, eu sei que tô fazendo o melhor possível, que a nossa rotina não é assim. Não trabalho seis dias por semana, 12 horas por dia. É uma coisa pontual. Me permito trabalhar e me dedicar e ser feliz.

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Quando acabar as filmagens, o que pretende fazer? Vai voltar para o Rio?

Quando termina um trabalho dá um vaziozinho, sabe? Está começando a me dar esse vazio. Vou sair de São Paulo, do cinema, de ser protagonista de um filme e voltar pra vida de dona de casa, de mãe. Preciso me preparar psicologicamente. Não é fácil. Uma pessoa de teatro dizia: "A gente tem que ter uma vida muito boa e preenchida pra querer sair da fantasia e voltar pra realidade". Graças a Deus eu tenho, mas é uma reorganização.

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Você tem se mostrado uma pessoa engajada em suas redes sociais. Pediu muito pelas Dez Medidas Contra a Corrupção e pela cassação do deputado Eduardo Cunha. Já pensou em trabalhar com política?

Não tenho o menor talento para isso. Tenho o sangue muito quente para trabalhar com político. Jamais aguentaria fazer a política da boa vizinhança. Aliás, nem sei se eu sei fazer essa política. Mas sou uma cidadã engajada e exigente, porque pago imposto desde os 14 anos e vejo o quão abandonados nós somos, e é uma coisa que me deixa maluca, não consigo me conformar.

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Acredita que o Brasil está mudando com a Lava Jato?

Não estava acreditando, mas agora estou. O brasileiro acordou. A classe média, que é quem movimenta esse Brasil, resolveu se movimentar, os artistas resolveram botar a cara a tapa.

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Acha que é dever do artista se manifestar politicamente?

Não acho que artista tenha responsabilidade nisso não, mas acho importante que o façam  os que se sentem à vontade para fazê-lo. Porque no Brasil, que é um país sem educação, quem manda são as pessoas que estão na novela da Rede Globo. São eles que ditam a moda,  que vendem produtos, que chamam a atenção para as coisas pertinentes. Então, que bom que resolveram sair de seu lugar confortável.

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