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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Sandra Werneck fará filme sobre o estupro

Por Sonia Racy
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Foi depois de assistir aos desdobramentos do caso de estupro da garota de 16 anos no Rio, semana passada, que Sandra Werneck decidiu: vai fazer um documentário sobre o assunto. "Já comecei a pesquisa. Tenho até nome para o longa: Feminino Singular. A ideia é abordar assédio sexual, violência doméstica, estupro e violência psicológica", afirmou a cineasta à coluna, em entrevista por telefone.

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No projeto, embrionário, Sandra pretende seguir quatro mulheres ou meninas vítimas de algum tipo de violência. "Minha intenção é encontrar personagens que não falem apenas dos fatos em si, mas também sobre o que acontece depois da violência sofrida. Isso é pouco discutido e tenho certeza de que as cicatrizes emocionais são profundas", reflete.

Não é a primeira vez que o tema bate à porta da diretora. Em 2005, ela dirigiu Meninas, longa-metragem em que acompanhou a gravidez precoce de três meninas, mostrando parte da dura realidade das adolescentes da periferia do Rio: "Tudo começa quando a escola das garotas dessas comunidades, de 14 e 15 anos, não traz nada que as incentive. A única maneira que elas encontram de se afirmar como mulheres é transformando-se em mães. Durante o processo foi muito chocante ver a falta de projeto de vida que elas enfrentam", diz.

Indagada sobre as músicas tocadas nos bailes funks - muitas delas com letras que incentivam a violência contra a mulher - Sandra afirmou ser contra a proibição de executá-las.

No entanto, chamou a atenção para uma reflexão sobre a sociedade atual: "Vivemos em uma democracia, claro, mas somos também um país muito machista. A sociedade coloca a mulher em um lugar subterrâneo. Muitas vezes parece que vivemos em 1800 e que o papel da mulher é atender às necessidades básicas do homem, que anula sua voz ou a sexualiza de maneira violenta", completou. MARILIA NEUSTEIN

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