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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Força-tarefa

Por Sonia Racy
Atualização:

 Foto: Paulo Giandalia/Estadão

Era proibido cogitar a hipótese de um segundo turno sem a presença de Aécio Neves durante o jantar promovido por João Dória, do Lide, em sua casa, com empresários e tucanos - na noite de segunda-feira. O objetivo oficial do evento era homenagear Geraldo Alckmin, mas o encontro acabou se transformando em ato de apoio a Aécio. "A ordem é não falar em segundo turno", decretou à coluna ACM Neto, prefeito de Salvador - que integra a coordenação da campanha tucana no Nordeste e veio a São Paulo especialmente para o encontro. Tudo para evitar que se repita o constrangimento causado pelas declarações do senador José Agripino, do DEM (coordenador- geral da campanha), sinalizando apoio à rival Marina Silva no segundo turno.

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Entretanto, pairava no ar a forte dúvida: se Aécio teria alguma condição de chegar ao segundo tempo da disputa pelo Palácio do Planalto. Entre os presentes, o mais entusiasmado era FHC (mais informações no Caderno de Política), que, em seu discurso, abriu espaço para o bom humor. "Cheguei à conclusão que, quando querem que eu fale de graça, me dão um título de doutor Honoris Causa", brincou o ex-presidente - que acaba de receber mais um, da Universidade de Chicago. Bastante compenetrado, João Doria também teve momento descontraído ao chamar a atenção de Alckmin para... a chuva que caiu à noite.

José Serra chegou no fim do jantar e não discursou. No entanto, indagado sobre as citações ao seu nome, que têm sido feitas por Marina, ressaltou que jamais foi contatado por alguém da equipe da candidata. Quando contava o quanto está trabalhando para ser eleito senador, foi interrompido por um tucano que, semblante sério, informou a ele: "Vou votar no Eduardo Suplicy". Ante o espanto de Serra, continuou: "Ele ouve a gente, assimila e vai para o Congresso votar. Com você lá, vou ter de suar muito até conseguir te convencer de qualquer coisa", disse - arrancando risadas de todos.

Faltando 20 dias para as eleições, a entrevista do filósofo José Arthur Giannotti ao Estadão, publicada no domingo, foi mal digerida pelos tucanos presentes ao jantar. Amigo de longa data de FHC e muito próximo ao PSDB, o professor da USP está sendo criticado por ter descartado publicamente a possibilidade de Aécio ultrapassar Marina e ainda dizer que o partido "não soube atuar na oposição".

Indagados, FHC e Serra disseram que não leram a entrevista, mas outros tucanos reclamaram em alto e bom som que o "aliado" errou feio no timing. "Ele é amigo do Fernando Henrique, mas nunca vi esse cidadão em nenhuma atividade do velho MDB ou do PSDB. Ele não é uma referência teórica do PSDB", diz o ex-governador Alberto Goldman. "Especulação sobre segundo turno é para quem não tem o que fazer", completou. Por fim, Goldman, que coordena a campanha de Aécio em São Paulo, garantiu: "Não há conversa com Marina"./SONIA RACY E PEDRO VENCESLAU

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