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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Flávio Rocha avisa que pode sair candidato

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Por Sonia Racy
Atualização:

ANNA CLAUDIA E FLAVIO ROCHA. FOTO: DENISE ANDRADE/ESTADÃO 

Pela primeira vez, Flávio Rocha admite disputar a Presidência da República. Foi na quinta-feira - durante jantar oferecido por Regininha Moraes e Sergio Waib em torno do presidente da Riachuelo - que ele finalmente revelou: "Digo a você, pela primeira vez: se a coisa sair do linear, de uma candidatura minha só pra marcar posição, e ganhar musculatura devido ao impressionante vazio político que hoje impera, para essa demanda não atendida que existe.... eu vou". Uma frase que surgiu ao final da conversa, bem diferente da que havia dito no início.

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Segundo fontes próximas a Rocha, as dificuldades são grandes: partido, votos na família contra. O empresário, aliás, fez questão de dizer à plateia de quase 50 convidados que sua mulher estaria aborrecida. "Por achar que eu não estou sendo enfático em relação à minha não-candidatura". Não está mesmo. É nítida a sua vontade de entrar no páreo para governar o País.

Vale registrar que na própria quinta-feira o empresário subiu o tom ao reagir publicamente contra bloqueio, pelo MST, da entrada de uma de suas fábricas em Natal. Classificou os invasores de "terroristas" e "vagabundos", dizendo que não iria se intimidar. Um sinal do rumo que ele pode tomar.

Quem conhece Rocha aposta que ele busca um espaço político entre o estilo establishment de Alckmin e o ousado de Bolsonaro, roubando um pedaço da seara de Ciro Gomes no Norte e Nordeste. Em outra fala, o cantor Leo, da dupla Vitor e Leo, foi bem claro em sua posição. "Estamos cansados de ser reféns. Vamos nos posicionar", afirmou, referindo-se a grupos de maior renda. Aqui vão trechos da conversa:

Você tem planos de ser candidato a presidente? Não. Acredito que posso fazer mais por meio do Brasil 200. É uma fórmula genial, um formato eficientíssimo para fazer política sem partir para uma candidatura heroica, só pra marcar posição. Estamos conseguindo pautar, dar bronca em candidato, palpitar, cobrar temas que não entram no debate político apesar de terem apoio maciço da população. Instigar alguns políticos que têm um medo paranoico do politicamente correto a se posicionarem.

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Recebeu convite de algum partido? Está falando com alguém? Teve. Tem tido. Mas eu sempre digo que é importante, para que o Brasil 200 continue tendo essa força para pautar o debate, que não haja vinculação com nenhum candidato.

O País está dividido, vai haver uma grande polarização. De que lado você fica? Ao lado da direita democrática.

O que é direita democrática? O protagonismo do indivíduo na economia e a defesa da ordem. Porque a esquerda é protagonismo do Estado e desordem. É bagunçar pra governar. E isso cansou o povo.

Tem gente dizendo que você é contra aborto, contra homossexuais. Um pensamento radical, tipo Jair Bolsonaro. Não somos caretas nem moralistas. Nós somos antigramscianos. Gramsci talvez tenha sido o intelectual mais sórdido da humanidade. É um cara que chega a defender que tem que haver uma faxina em todos os valores judaico-cristãos para se construir uma nova sociedade em cima da estaca zero, apesar de essa nova sociedade ser calcada numa ideologia que deu errado no mundo todo nos últimos 100 anos. Então, nós nos opomos à destruição intencional do que eles chamam das trincheiras do conservadorismo. A primeira dessas trincheiras é a mais sagrada, a família. Eu falo de família em todas as suas configurações - pra construir uma nova sociedade.

Transexuais e homossexuais: podem ter família também? Sem dúvida! O Grupo Riachuelo é o maior empregador de transexuais do Brasil. Fomos a primeira empresa a permitir, tanto no cartão de crédito quanto no crachá, o nome social. E descobrimos que 400 ou 500 dos nossos colaboradores usavam o nome social. Imputar a pecha de moralista é uma bobagem. Nós apenas não nos conformamos e nem admitimos que, pra cumprir a agenda de uma ideologia, se afrontem valores que são os alicerces da sociedade.

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A esquerda cultiva o quê? A miséria. Não são amigos dos pobres, são amigos da pobreza. Querem muitas cracolândias, querem as Farc, o MTST, o PCC. Porque essa é a matéria prima da revolução maluca que eles imaginam.

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A iniciativa privada ignora a política há muitos anos. Finalmente acordou. Melhor tarde do que mais tarde? Sem sombra de dúvida. Os meus pares empresários caíram nessa hipnose coletiva do nós contra eles. Acreditavam que somos uma minoria de opressores oprimindo a grande maioria de trabalhadores. Acho que a grande novidade dessa nova fase é: capital e trabalho são parceiros na prosperidade. O inimigo é uma aristocracia burocrática, talvez 1% da população, que se apropriou da máquina estatal em benefício dos seus privilégios.

Mas se a carruagem da política continuar como está você sairia candidato? Digo a você, pela primeira vez: se a coisa sair do linear, de uma candidatura minha só pra marcar posição, e ganhar musculatura devido ao impressionante vazio político que hoje impera, para essa demanda não atendida que existe...

...você vai para o matadouro? Vou. Para o matadouro, não. Mas se a coisa ganhar uma viabilidade, eu vou. O que pode ser mais importante do que livrar o Brasil de um retrocesso? De devolver o País à mesma quadrilha que eu quase o destruiu?

Sabe que até criaram um slogan para você? "Ou vai ou Rocha"? (Risos...)

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