Thierry Guilbert, o novo CEO da Lacoste, confia no tempo. "Nosso foco é o longo prazo. Não é essa fase ruim (da economia brasileira) que vai acabar com nossos planos para o Brasil", diz o francês que assumiu o posto há oito meses e escolheu o País como um dos primeiros a visitar. Tendo passado por diversos cargos no grupo Kering - responsável por marcas como Bottega Veneta e Saint Laurent -, o executivo abre o jogo: o Brasil "faz parte do Top 5 - os países mais importantes para a marca". Na passagem por São Paulo, ele contou à coluna seus planos e comentou a crise econômica, que acredita ser passageira.
Como novo CEO da Lacoste, quais os planos para o Brasil? O País está no Top 5, os mais importantes para a empresa. Queremos focar em renovação e melhorias das nossas lojas, dos pontos de venda e parceiros estratégicos. A cultura brasileira é muito parecida com a francesa no quesito lifestyle, felicidade - ou, como se diz na França, a joie de vivre. Temos muito em comum.
Qual o peso do Brasil no faturamento global da empresa? Cerca de 10%. Os EUA, por exemplo, têm 13%. Os outros três que mais vendem são França, China e Coreia.
Onde mais você operam na América Latina? A Argentina é a número dois. Temos uma interação boa com eles, mas provavelmente somos a única marca internacional operante por lá. Depois vêm Chile e Uruguai. Queremos expandir ainda mais a marca na América Latina.
A Lacoste já completou 82 anos. O que mudou? A marca tem um DNA forte nos esportes. Começou com foco no tênis -nosso fundador, René Lacoste, era um tenista famoso - e as camisas eram as mais conhecidas da França. Mas, se no passado a referência eram as nossas polos, hoje fabricamos jeans, casacos, bolsas, perfumes. Vendemos um estilo de vida.
Considera a Lacoste uma marca de luxo ou de esporte? A Lacoste é única (risos)! Somos uma marca popular, o estilo de vida que vendemos é para todos, não só para ricos. Ao mesmo tempo, somos rigorosos com a qualidade dos produtos - por isso eles são mais caros. Defino a Lacoste como uma marca Premium.
Tem quem copie o crocodilo trocando de bicho. Alguns escolhem elefante. Outros, porquinhos... Acha pirataria? Não é um bicho que faz uma marca. São a qualidade e o design de nossos produtos. Temos nosso diretor criativo, o estilista português Felipe Oliveira Batista, que é brilhante. Então não me preocupo com gatos e lebres por aí, exceto com crocodilos (risos).
O dólar caro está atrapalhando as vendas da marca por aqui? Sim, claro. Mas nosso foco é o longo prazo. Não é essa fase ruim que vai acabar com nossos planos para o País. Acredito que o Brasil tem fundamentos bem fortes, a classe média e os jovens são muito dinâmicos para mudar o cenário. Vamos continuar investindo como antes.
Qual sua avaliação sobre a economia brasileira de hoje? Sou muito otimista com relação ao futuro do Brasil. Acho que esse momento vai passar. /SOFIA PATSCH