PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

A noite de Haddad entre amigos, eleitores e curiosos

Por Sonia Racy
Atualização:

Iara Morselli/Estadão 

Uma turma da São Francisco e da classe artística paulistana compareceu ao jantar que Ernesto e Lili Tzirulnik ofereceram a Fernando Haddad e família na noite da última sexta-feira, em uma cobertura de um edifício de Higienópolis. Não estavam lá, necessariamente, por um apoio à candidatura do petista. Alguns por amizade ao anfitrião, outros por uma certa curiosidade ou até simpatia ao petista menos petista da trupe. Ao contar que foi um dos fundadores do partido, Tzirulnik refletiu sobre o PT e Haddad. "Percebemos que o PT é igual aos demais partidos. Mas alguns que estão lá, não são. Por isso temos que celebrar aqueles que não são", afirmou. O jantar, disse o advogado, especialista na área de seguros, era uma homenagem à família de Haddad, que fez sacrifícios para que Fernando pudesse governar. E cita como exemplo o caso de Frederico, o primogênito de Haddad, que sonhava trabalhar com direito administrativo, mas, "com receio de sujar a água do pai, acabou caindo no meu escritório". Lili, a dona da casa, fez questão de usar um vestido azul. Sinal de que não se tratava de um encontro de petistas? "Vou nas manifestações do Vem Pra Rua, mas Haddad é diferente do PT." Tinha gente, ali, que disse que não vota em Haddad. Tinha os que disseram ser o atual prefeito sua segunda opção de voto. Foi o caso do pesquisador Danilo Dunas, que até recitou um poema durante o jantar, feito para sua formatura na São Francisco, em 2008. "Voto no Haddad apenas se uma opção pior estiver na iminência de ganhar o pleito. Foi assim nas eleições passadas. Serra e Russomanno no segundo turno não dava. Mas meu voto hoje é da Erundina." Os homenageados, ao chegarem no apartamento -- onde já estavam quase 220 convidados -- não sentaram um minuto sequer nas cerca de três horas em que permanecem na festa, com direito a música dos grupo Seis com Casca. Uma senhora, dita tucana roxa e que não quis se identificar, contava à coluna que foi ao jantar por curiosidade. Pessimista com a política nacional, dizia em tom de lamento que nunca imaginou torcer para que Temer tivesse êxito em sua gestão "para ver se o País volta a andar". Já a ativista do ciclismo Renata Falzoni falava a Ana Estela e Lili que não votava no PT desde 1984 por não encontrar na sigla espaço para os anseios verdes que ela tinha desde aquela época. Política à parte, na sala do apartamento, Haddad conversava com o saxofonista Ivo Perelman. Comentava sobre os talentos artísticos da caçula, Ana Carolina. "Minha filha toca piano e violão e é interessante o modo como ela lida com o som. Já tem um domínio interessantíssimo", dizia o prefeito ao músico. Na avaliação de pai exigente: "Ela toca um violãozinho bastante razoável" e "vai ser uma pianista justa". Do outro lado do salão, os advogados Pierpaolo Bottini e Alberto Toron conversavam em uma rodinha, quando Toron chamou um brinde com os colegas próximos. A classe política não foi convidada. A ideia, segundo Paulo Teixeira - o único político do salão, além de Haddad - era ser um encontro sem arrecadação (até porque a lei ainda não o permite), sem pedido de votos e sem apoio político. Teixeira esclareceu que estava lá no papel de advogado, mas não hesitou em dizer, brincando, que tentava levar Frederico para a tesouraria da campanha do petista - onde ele é o tesoureiro. Os pais, cautelosos, disseram que ele não terá um papel definido na campanha. Em outro momento, Haddad explicava a Anna Muylaert a situação das pessoas em situação de rua na cidade. Referia-se ao protocolo sobre como lidar com os moradores de rua e ressaltou o trabalho que é "inaugurar" São Paulo todos os dias - referindo-se à questão de limpeza e zeladoria. "Hoje mesmo, sobraram 1.200 vagas nas tendas", ressaltou, sobre os espaços que a Prefeitura disponibilizou na semana passada para abrigar os moradores de rua durante as noites frias da cidade. À coluna o petista, monossilábico, não quis comentar o fato de haver pessoasno jantar que o desvinculam do PT. Restringiu-se a dizer que "havia todo o tipo de gente no encontro". Confirmou que deseja implantar uma política de compliance em sua campanha. E que ela será feita após chegar a uma definição da equipe que irá tocar o projeto e de como se dará esse monitoramento . Já na hora da fala aos convidados, agradeceu aos anfitriões e lembrou outra recepção organizada por Tzirulnik, quando lançou a campanha em 2012... Brincou com o fato de, mesmo já tendo cumprido praticamente todo o mandato, estava, hoje, melhor nas pesquisas eleitorais do que quatro anos atrás. "Naquela ocasião eu conseguia ter menos intenção de votos que hoje", disse, provocando o riso dos ouvintes. Sem pedir votos, mostrou convicção na defesa de sua gestão, ao dizer que "independentemente de qualquer coisa, ficará um legado". E ressaltou um vício típico de quem é professor: "Eu ponho muita fé no argumento. E, como político, na paixão pelas ideias que defendo." Quando faltavam poucos minutos para a meia-noite, Haddad pediu a Ana Estela para irem embora, pois teria compromisso no sábado de manhã. O anfitrião não deixou que saíssem sem que, antes, Nelson Ayres e Ulisses Rocha tocassem para o casal -- que, desta vez, sentou-se para curtir a homenagem. Meia hora depois, o casal partiu. No dia seguinte, o Haddad faria reunião para tratar de seu programa de governo.\MARINA GAMA CUBAS

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.