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Karam esbofeteava machismo na lendária 'TV Macho'

Por Cristina Padiglione
Atualização:

Quando se anunciou a partida de Guilherme Karam, 58 anos, hoje, minha geração só pode se lembrar com saudade da TV Macho, quadro do TV Pirata apresentado pelo Zeca Bordoada, personagem do Karam.

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Vamos lembrar também da "Divina Magda", bordão que ganhou voz por ele em Meu Bem Meu Mal, novela de Cassiano Gabus Mendes, à personagem de Vera Zimmerman.

Mas a memória mais saudosista não se dá em razão da saída de cena de Karam, o que, na verdade, já acontecia há mais de dez anos, privados que fomos de sua presença, desde 2005, por uma doença degenerativa rara, a síndrome de Machado-Joseph.

O saudosismo que vem à tona é em razão das amarras politicamente corretas criadas em torno de toda a comunicação, em especial do humor, que certamente nos obrigaria a explicar e legendar um quadro como o TV Macho nos dias de hoje. Será?

Ainda que o Porta dos Fundos, via web, e o 'Tá no Ar', programa de Marcius Melhem e Marcelo Adnet na Globo,tenham reaberto as mentes mais intransigentes em favor de uma liberdade que foi se oprimindo ao longo dos últimos 20 anos,fico a pensar se um 'TV Macho' hoje seria devidamente prestigiado como o humor que condena seu alvo de deboche, e não como enaltecimento desse mesmo alvo. Vai que? Zeca Bordoada nos despertava para o ridículo do personagem, para o patético do machismo, mas tenho sinceras dúvidas sobre a compreensão da piada, num universo cioso de denúncias sobre violência doméstica e feminismo. No entanto, nada mais crítico a essas bandeiras do que o TV Macho.

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Um brinde ao Zeca Bordoada.

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