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Marillion faz show intenso em são Paulo

Heverton Souza - texto publicado originalmente no site Hard & Heavy

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Por Redação
Atualização:

Intenso! Sem dúvida esta é a melhor palavra para descrever o show do Marillion em São Paulo, na chuvosa noite de quinta-feira, véspera de um feriado prolongado.

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Já por volta das 21h, as pessoas se aglomeravam na porta do HSBC fugindo da chuva e controlando a ansiedade para entrar na casa. Ansiedade justificável já que a última passagem da banda pelo país foi há 15 anos.

Programado para as 22h, o show começou com quase vinte minutos de atraso com a banda executando Splintering Heart, do álbum Holidays in Eden (o melhor ao lado de Brave, na opinião deste que vos escreve). Este primeiro momento do show já foi de arrepiar.

Enquanto o tecladista Mark Kelly e o baterista Ian Mosley davam início à música no palco, Steve Hogarth surgiu cantando no meio da platéia superior no fundo da casa.

Com um sobretudo fechado até o pescoço, o cantor desde já interpretava com muita vontade, enquanto fotógrafos xingavam e o público ia ao delírio com a surpresa em ver de onde Hogarth aparecera. Já com Steve Rothery (guitarra), Pete Trewavas (baixo) no palco, Hogarth correu por uma das laterais e surgiu ao lado da banda para a execução de Slainthe Mhath e You're Gone.

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Steve então anunciou o novo álbum da banda e em seguida eles derão início à faixa-título Sounds That Can't be Made. Ainda pouco conhecida da maior parte do público presente, a música foi bem recebida por todos, mas só precedeu um dos momentos de êxtase da noite.

Lançada no álbum Afraid of Sunlight, a balada Beautiful foi até mesmo tema de novela aqui no Brasil (Cara & Coroa) e é um dos maiores sucessos da banda. Clichê para muitos, mas tocante para todos. Sim porque não há como ouvir uma música destas ao vivo e se fazer de frio, dizer que não há o que sentir.

Além disso, Hogarth, já sem seu enorme sobretudo e trajando camisa social e paletó, interpreta a música como se soubesse que a cada noite ele encanta as pessoas com ela. Resultado: um refrão cantado em uníssono e alguns presentes segurando lágrimas, eu incluso.

Após mais uma nova, Power, seguida de Fantastic Place, a banda apresentou o momento ápice do show, aquele que normalmente ficaria para o encore, com a execução de Kayleigh, o maior clássico dos ingleses, lançado no álbum Misplaced Childhood, de 1985.

Aqui é um dos casos no qual a interpretação do ex-vocalista Fish jamais será superada, mas não havia uma só pessoa insatisfeita durante a execução desta, ao contrário, a satisfação plena, com todos inclusive cantando a música com muita empolgação, gerou uma situação bem ridícula.

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Acompanhando o show do lado onde fica a saída do HSBC, foi impossível eu não observar o número de pessoas que foi embora após ouvir Kayleigh e não por qualquer tipo de insatisfação, como já citei acima, mas sim porque já se davam por satisfeitas apenas em ter ouvido esta música.

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Confesso que não consigo entender como uma pessoa pode pagar de R$ 180 a R$ 400 em um ingresso de show para ver apenas uma música. Trata-se mais que um descaso ao custo/benefício, mas à banda que tem muito mais que um hit de rádio para mostrar. É triste notar que algumas pessoas ainda tirem suas bundas de casa para atitudes de tamanho desprestígio.

Em The Sky Above the Rain, mesmo com Pete tendo que afinar seu baixo durante a música, tivemos um dos melhores momentos do show. Enquanto Rothery parece tocar em um mundo só seu, sentindo cada nota, Hogarth expande tudo que sente na música para todos presentes.

A participação do vocalista durante todo o show não é só teatral, mas soa muito verdadeira, muito interpretativa a cada tema, coisa que poucos ainda se preocupam em fazer hoje em dia. Não bastasse isso, o cantor ainda tocou guitarra e piano em vários momentos da noite. Real Tears For Sale, Afraid of Sunlight e Neverland deram fim ao primeiro trecho do show com a banda claramente feliz.

Após alguns minutos de intervalo, a banda volta para a execução do épico The Invisible Man, com Steve Hogarth vestido em terno e gravata, usando óculos e uma muleta, mais uma amostra da interpretação do cantor.

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Com o vocalista enrolado sob uma bandeira brasileira atirada ao palco, a banda encerrou a apresentação com Sugar Mice para alegria dos fãs da era Fish.

E sim, o show acabou. Muitos esperavam mais músicas e a lista seria enorme: Assasing, Incommunicado, Market Square Heroes, Easter, Hooks in You, Dry Land, No One Can, Hollow Man, etc.

Cada fã teria ao menos mais um set inteiro a incluir, mas em se tratando de uma banda de 17 álbuns lançados e mais de 30 anos de carreira, agradar a todos é mesmo impossível, assim como desagradar também, pois só quem não gosta de Rock Progressivo para não se sentir maravilhado com a intensidade do show do Marillion. Memorável!

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