Em 1977, ano mítico para o movimento punk mundial, Bob Marley já cantava Going to a party, and i hope you are hearty, so please don't be naughty for, it's a punky reggae party..., e a noite de ontem, no Via Marques em São Paulo, foi palco da maior festa punk reggae já vista: A lenda viva Bad Brains, um dos pilares do hardcore mundial, que com sua formação original, fez um show histórico, inesquecível, único e esquizofrênico, se dividindo entre o genial e o absurdo, com uma performance tão doentia e única do Frontman H.R, que faria com que Mike Patton se urinasse de medo.Punks de todas as gerações, skinheads, metaleiros, straigh-edges, regueiros e patricinhas se dividiam e se acomodavam como podiam nas dependências da casa de show que logo estaria completamente lotada, e no semblante de todas as pessoas presentes, o mesmo sentimento de Isso é real? Esse show está acontecendo? era presente. Uma noite histórica estava apenas começando. Para iniciar os trabalhos da noite, novamente respeitando o cronograma informado pela Liberation M.C que nos traz este show, todo o peso, energia e disposição de sempre do hardcore-metal do gigante Paura toma o palco e já dá a entender o porque foi escalado para esta prova de fogo. Pouco se pode acrescentar sobre um show do Paura que já não tenha sido dito anteriormente, a melhor banda de hardcore-metal nacional, com o melhor baterista do Brasil, prestes a embarcar em sua nova tour Européia despeja fúria, técnica, energia e peso, sem dó alguma do público, que mesmo não muito receptivo, se assusta com essa apresentação de peso. No set de sua apresentação, a banda foca em seus trabalhos mais recentes e músicas mais pesadas, indo de Integrity Department, Worthless Progress, e Discharge the Man, até Bull Control e Demmanded on Hate, ou seja, riffs pesados, muita gritaria, breakdowns e uma aula de técnica e energia. Impressionante, sempre. Logo na sequência, com a casa de shows completamente lotada, o Bad Brains sobe ao palco, e sem muita cerimônia, inicia sua apresentação: após uma breve intro, onde já não se via uma pessoa parada na casa de shows, entoa na sequência o hino Atittude: Don't care what they may say we got that attitude melhores palavras não poderiam descrever a banda no palco. A seguir, a banda divide sua apresentação entre músicas clássicas, hinos que acompanharam a adolescência de muitos ali presentes, como Sailling on, I&I Survive e algumas músicas de seu trabalho mais recente Into the Future de 2012, com momentos totalmente reggae/dub como em Jah Love e I luv, I jah. O enigmático vocalista H.R se torna a figura chave do show, um catalisador de atenção, sempre carregando suas inseparáveis mochilas, o vocalista parece viver numa bolha, num mundo a parte, munido de seus fones de ouvido e endumentárias rastafari, o vocalista mal canta suas músicas, com tamanha receptividade do público, que faz um verdadeiro karaokê do hardcore, o vocalista apenas entoa algumas vocalizações, e rege a galera como um maestro, e entre suas caras, bocas e trejeitos, faz uma apresentação única e mágica, genial, louca, qualquer adjetivo usado aqui seria apropriado. O show segue com clássico em cima de clássico, Banned in D.C, Soulcraft, "At the movies Re-ignittion e Pay to cum destroem o público, sem dó, executados tal qual a gravação original, com peso e técnica surpreendentes. A seguir a banda deixa o palco, retornando logo após para o bis com o hino imortal I Against I". Fim de papo, e jogo ganho, por goleada.