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A obra-prima subestimada do Cult

Paulo Severo da Costa

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Por Redação
Atualização:

Em 1991, o THE CULT já tinha cinco álbuns, sete anos de carreira e uma variedade incrível de texturas sonoras sob sua batuta. Depois do batismo definitivo (é válido lembrar que em 1983, eles lançaram, homonimamente, o full "Southern Death Cult" e o EP "Death Cult"), a banda passeou por entre o pós- punk ("Dreamtime" de 1984), o gothic de "Love" (1985) e, finalmente o hardão característico de "Electric" (1987) e o mega clássico "Sonic Temple" (1989).

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Carregados na pegada setentista (e, inevitavelmente comparando, muito próximo ao estilo vocal de JIM MORRISON) da voz de IAN ATSBURY e na guitarra ácida e certeira de BILLY DUFFY foi, nessa última praia, que o som da banda britânica entrou de vez nos eixos. Embalados pela fábrica de hits do álbum anterior, lançaram, dois anos depois, o excelente "Ceremony".

 Seguros pela cozinha experiente de MICKEY CURRY (bateria, ex- ALICE COOPER e DAVID BOWIE) e CHARLES DRAYTON (baixo, NEIL YOUNG e IGGY POP), e apoiados em arranjos de teclado e eventuais cordas, a banda fundiu o rock n´roll despretensioso de "Electric" com a faceta mais madura de seu sucessor, criando um álbum no qual se é impossível pular faixas.

 Foto: Estadão

Se o êxito comercial recheado de hits do passado ( "Eddie, "Sweet Soul Sister, "American Horse") só se repetiu aqui com "Sweet Salvation", em termos de qualidade, a banda mostrou que andava ombro a ombro- e muitas vezes superiora- ao melhor do hard no período. 

"Wild Hearted Son" e "Ceremony" - a faixa - iniciam com alusões ao som de uma celebração nativa cherokke (alguém pensou no Lizard King?) e desembocam no melhor espírito arena de coisas como "New York City" do álbum anterior.

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"Earth Mofo" vem carregada em um competente riff de DUFFY e, em uma análise mais contemporânea, lembra bem coisas que o VELVET REVOLVER faria quase quinze anos depois, "Full Tilt"- ao menos em seu início e refrões - lembra bem o VAN HALEN com Roth no início dos anos 80, e ambas são encharcadas de muita competência.

Mostrando a já conhecida habilidade de produzir baladas fora do esquema chororô, "Sweet Salvation", "Heart of Soul" e " If"- essa com um começo espetacular ao piano - mostram que capacidade, como diz o ditado- "é para quem pode e não para quem quer". Adaptando o passado à encarnação atual, "Bangkok Rain" traz resquícios de uma pegada mais obscura e possui uma bateria simples e eficientíssima; a acústica "Indian" lembra o melhor de PAGEPLANT, quando atacavam nesse formato nos anos 70. Sinceridade? Um dos melhores discos dos anos 90.

Lista de músicas:

  1. "Ceremony" - 6:27
  2. "Wild Hearted Son" - 5:41
  3. "Earth Mofo" - 4:42
  4. "White" - 7:56
  5. "If" - 5:25
  6. "Full Tilt" - 4:51
  7. "Heart of Soul" - 5:55
  8. "Bangkok Rain" - 5:47
  9. "Indian" - 4:53
  10. "Sweet Salvation" - 5:25
  11. "Wonderland" - 6:10

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