Rock Rocket faz homenagem ao punk dos anos 1980 de SP

Nova música tem a participação de Ariel Uliana Jr, dos Invasores de Cérebros, e relembra nomes seminais do estilo; banda promete exposição com fotos e documentos da época

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Por Alexandre Ferraz Bazzan
Atualização:

Por volta de 1974, um grupo de estudantes pulava os muros da Escola Estadual Tarcisio Alvares Lobo para escrever poesia e fazer música. Não demorou muito para que o colégio expulsasse os alunos por esse excesso de atividades extracurriculares.Entre eles estava Ariel Uliana Jr., um dos precursores do punk no Brasil e que fazia parte da turma da Carolina (em referência à Vila Carolina, zona norte de São Paulo). Depois de ouvir muito Stooges e ler Sartre, não demorou para que eles pulassem o muro, desta vez para o lado de dentro, para mostrar sua arte e ajudar o grêmio em mobilizações como o apoio a uma greve de professores.

 Foto: Reprodução - Ariel Uliana Jr.

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"Do nada nós fizemos tudo",diz Ariel que divide os vocais com Alan Feres em Punk SP 80. Sem querer, por necessidade, formou-se uma comunidade. Restos de Nada, AI5 e Condutores de Cadáveres dividiam equipamentos. "A gente tinha um amplificador de guitarra, a outra banda tinha um amplificador de baixo, a outra tinha bateria, então precisava juntar as três bandas para tocar e a gente começou assim."

Essa colaboração abrangia também intercâmbio entre os integrantes. Uma pessoa começava a tocar em um grupo e mudava para outro. Ariel cantou no Restos de Nada, Desequilíbrio, Inocentes e finalmente montou o Invasores de Cérebros, que recentemente decretou hiato por tempo indeterminado.

Encontro de gerações. Alan conheceu os Invasores de Cérebros por acaso e gostou da postura de Ariel, ainda mais depois que eles tocaram Beat on the Brat dos Ramones. Invasores de Cérebros e Rock Rockets se cruzaram algumas vezes na estrada, entre elas no festival Fresh Fruit And Rotting Vegetables. Outra oportunidade surgiu quando o Restos de Nada se reformou para uma turnê que passaria por Cabo Frio no Festival Rock Humanitário, em 2013. O guitarrista Douglas Viscaino morreu pouco antes da apresentação e, de última hora, os Inocentes substituíram.

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 Foto: Davilym Dourado - Rock Rocket: Alan Feres, Noel Rouco e Jun Santos

"Eu gostava muito do som cru, sem solos, desse começo do punk", explica Alan, "talvez o compartilhamento de instrumentos explique essa sonoridade comum das bandas e eu queria fazer algo parecido com Punk SP 80.'" O sim só se encaixou quando Ariel chegou para gravar.

A homenagem ao punk paulistano está no novo disco do Rock Rocket e também vai virar exposição com fotos e material da época.

Expo Punk SP 80

27/09 a 27/10 Fatiado Discos Av. Prof. Alfonso Bovero, 382 - Sumaré, São Paulo - SP (11) 2893-7820 De terça a domingo, das 13 às 20h

O Rock Rocket já antecipou duas faixas do novo trabalho, além de Punk SP 80, que tem previsão para sair em outubro. Esse registro aponta, pelo menos até agora, para a evolução dos caras. Além das tradicionais influências como Ramones e Johnny Thunders, um pouco de soul e a consolidação do baixista Jun Santos (esse é o segundo disco dele com a banda). Jun também traz muito do Mod Revival e rock sessentista para o caldeirão sonoro do guitarrista Noel Rouco. A ligação com a cidade já vem tem no título, Citadel,  retirado do projeto do fotógrafo Davilym Dourado, criador da capa.

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Escute as outras duas músicas liberadas:

 

BOOTLEG ENTREVISTA ALAN FERES (BATERISTA DO ROCK ROCKET).

Na quarta edição do podcast, Alan Feres conta um pouco mais sobre o disco novo e da gravação do trabalho solo, além da experiência de tocar com Daniel Johnston. A gravação foi feita antes de o Rock Rocket divulgar as primeiras faixas de Citadel. Ouça:

https://soundcloud.com/bazzan/bootleg-entrevista-alan-feres

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