PUBLICIDADE

Patti Smith comemora 40 anos de seu primeiro disco

Cantora fará série de concertos tocando o álbum seminal do punk na íntegra

Por Alexandre Ferraz Bazzan
Atualização:

"A pior parte, além de despedir da minha filha Jesse, é escolher os livros que devo levar. Decidi que essa vai ser essencialmente uma turnê Haruki Murakami. Vou levar diversos de seus livros incluindo os três volumes de 1Q84 para reler. Ele é um bom autor para se reler, ele deixa sua mente sonhando acordada enquanto lê. Assim, eu sempre sinto falta de material.

 Foto: Patti Smith/Reprodução

PUBLICIDADE

Fiz inventário com cadernos Moleskine, sete tubos de pasta de dente Weleda, lenços hamamélis, saquinhos de chá de folha de nêspera para a tosse. Essenciais como estes. Acho que estou pronta."

Esse é um trecho da primeira e única entrada do diário de viagem de Patti Smith na turnê de divulgação de seu último disco, Banga, em 2013. Este ano, ela comemora 40 anos de seu primeiro álbum, o clássico Horses, justamente executando ele na íntegra. A estreia da excursão acontece no festival Primavera Sound, em Barcelona, no dia 29 de maio, depois ela faz mais de 30 shows por toda Europa até o fim de agosto.

 Foto: Reprodução

Desconsiderando padrinhos e protótipos anteriores, Horses é praticamente o marco do início do punk. Os Ramones só lançariam seu primeiro trabalho em 1976, um ano depois. Essa já seria uma importância estrondosa, mas Patti Smith também é considerada poetisa e um dos grandes cérebros do movimento.

A abertura de Horses com Gloria é uma reinterpretação da música de mesmo nome do Them, banda do então jovem Van Morrison (o Morrison bom da música), mas também uma reinterpretação do poema Oath de Smith. Ela transforma a junção dos dois em seu pé na porta do rock e critica não somente o cristianismo, como o machismo, quando narra impulsos libidinosos em primeira pessoa na 'voz' de um homem.

Publicidade

Gloria também serviu para montar o Patti Smith Group. Nos primeiros testes para contratar um segundo guitarrista, estava fora quem não conseguisse tocar a canção por pelo menos 40 minutos para que a cantora pudesse recitar poesias improvisadas.

A mistura lírica e agressiva de Patti ganhou o coração de Clive Davis que fechou um contrato de sete discos pela gravadora Arista. Não é que ela não tenha cumprido o acordo, mas ela demorou 25 anos para cumprir porque, depois de seu quarto álbum, Wave, ela decidiu constituir família e se afastou da música, voltando a gravar algo novamente em 1988. Dream of Life seria apenas uma breve pausa no grande hiato que só terminaria definitivamente em 1996, quando ela juntou forças para lançar Gone Again, dois anos depois da morte de seu irmão e seu marido Fred 'Sonic' Smith em 1994.

Com 68 anos, ela continua ativa.

Horses só completa 40 anos em dezembro e os shows em homenagem ao disco são apenas em maio, mas achei legal falar sobre ela hoje porque, assim como Patti, todas as mulheres deveriam ter o reconhecimento e autonomia que ela lutou para ter em toda sua vida.

Feliz dia internacional da mulher.

Publicidade

Leia mais:

Desistentes da música

Podcast Refrão: Mulheres da música

Alabama Shakes mostra novas músicas na TV americana

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.